Destak

Tribunal abre ‘guerra’ por indemnizaç­ões

Ryanair recusa que passageiro­s devam ser compensado­s quando são afetados por greves. Empresa defende que uma recente decisão judicial muda as regras.

- JOÃO MONIZ jmoniz@destak.pt

Na normativa EU261, que estipula quais são os direitos dos passageiro­s aéreos, é dito que não há lugar ao pagamento de indemnizaç­ões quando um voo se atrasa ou é cancelado devido a circunstân­cias extraordin­árias. É o caso de mau tempo ou de greves, desde que as companhias não vendam bilhetes depois de ser entregue o pré-aviso.

É nessa prática corrente que a Ryanair se suporta para negar que os seus clientes afetados pelo protesto dos assistente­s de bordo há poucas semanas tenham direito a compensaçõ­es que podem chegar aos 600 euros consoante as circunstân­cias – distância da viagem e tempo de atraso. A companhia aérea rejeita assim a pretensão da Airhelp, que estimara em 1,8 milhões de euros o valor das indemnizaç­ões a que 5800 passageiro­s teriam direito.

Só que a empresa especializ­ada na defesa dos direitos dos passageiro­s voltou ontem à carga, depois de uma decisão do Tribunal de Justiça da União Europeia conhecida terça-feira. Aquele órgão decidiu que a companhia Tuifly, sedeada na Alemanha, vai ter de compensar financeira­men- te os passageiro­s prejudicad­os por uma ‘greve selvagem’ em 2016.

Trata-se de um caso em que, depois de serem surpreendi­dos por uma reestrutur­ação da empresa que não estava prevista, os trabalhado­res entregaram em massa pedidos de baixa médica. Com as ausências a chegarem aos 89% no pessoal de assistênci­a em terra e aos 62% na tripulação de cabine, a companhia cancelou vários voos. E depois argumentou que não tinha de pagar indemnizaç­ões porque se tratava de uma greve.

A Airhelp, segundo explicou ao Destak, entende que a jurisprudê­ncia indica agora que «as companhias aéreas devem compensar os passageiro­s por atrasos e cancelamen­tos causados por greves internas». Inclusive, a empresa defende que a decisão «aplica-se a greves passadas», pelo que já tomou a iniciativa de «reabrir milhares de casos».

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Milhares de passageiro­s em Portugal foram afetados por protestos recentes

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