Direito à indignação
Durante mais de 40 anos os portugueses deverão ter sido incapazes de pensar e, por isso, houve alguém que pensou por eles (e nalguns casos, muito bem). Entretanto o 25 de Abril pretendeu devolver aos portugueses o direito de pensar pela sua cabeça. Porém constatamos que continuamos a não ter o direito de pensar e decidir pela nossa cabeça, pois existem mais de duzentas cabeças que se arvoram o direito de pensar e decidir por nós, razão pela qual invoco o “direito à indignação” consagrado pelo falecido Presidente Mário Soares.
Que eu saiba não passei qualquer carta branca, fosse a quem fosse, para em matérias muito fraturantes, decidirem por mim (e “mim” somos nós, portugueses) o que se deve fazer. E com base em quê? Na razão iluminada das cabeças de pessoas que foram eleitas, algumas por uma minoria, e que se autoproclamam detentoras da verdade, ou muito evoluídas?!
Quem é o meu deputado a quem posso apresentar o meu aplauso, descontentamento, ou até alguma sugestão? (...) Por favor, senhores deputados, não se convençam que são os donos, amos, senhores dos portugueses, e quando fizerem consultas ao povo, não lhe façam prévias “lavagens” ao cérebro, nem condicionem as suas opções mediante “imagens subliminares” através dos diversos meios de comunicação (televisão, redes sociais, publicidade). Os portugueses têm demonstrado que tem maturidade para optarem pelo que lhes parece ser conveniente, ou rejeitarem o que lhes pretendam impingir como se lhes faltasse capacidade de discernimento.
Quero uma revolução que coloque os corruptos a ver o sol e a lua aos quadradinhos. A liberdade de roubar e explorar não pode continuar. Os portugueses estão fartos de coloridas palavras de circunstância capazes de fazer chorar estátuas. Quem faz do Estado rampa de corrupção deve ser preso.
Cumpriu um “sonho grande” discursar num 25 de Abril! Vi, através da TV, esta sessão solene, mas salvo o devido respeito por todos os discursos – inclusive, o do Presidente da República, que retomou o discurso do ano passado, contra o populismo –, na minha opinião, as palavras de Margarida Balseiro Lopes tocaram em várias vertentes da vida política do país, principalmente, o descontentamento, que ainda existe no nosso povo!