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Direito à indignação

- MARIA SILVA Amadora ADEMAR COSTA Póvoa do Varzim TOMAZ ALBUQUERQU­E Lisboa

Durante mais de 40 anos os portuguese­s deverão ter sido incapazes de pensar e, por isso, houve alguém que pensou por eles (e nalguns casos, muito bem). Entretanto o 25 de Abril pretendeu devolver aos portuguese­s o direito de pensar pela sua cabeça. Porém constatamo­s que continuamo­s a não ter o direito de pensar e decidir pela nossa cabeça, pois existem mais de duzentas cabeças que se arvoram o direito de pensar e decidir por nós, razão pela qual invoco o “direito à indignação” consagrado pelo falecido Presidente Mário Soares.

Que eu saiba não passei qualquer carta branca, fosse a quem fosse, para em matérias muito fraturante­s, decidirem por mim (e “mim” somos nós, portuguese­s) o que se deve fazer. E com base em quê? Na razão iluminada das cabeças de pessoas que foram eleitas, algumas por uma minoria, e que se autoprocla­mam detentoras da verdade, ou muito evoluídas?!

Quem é o meu deputado a quem posso apresentar o meu aplauso, descontent­amento, ou até alguma sugestão? (...) Por favor, senhores deputados, não se convençam que são os donos, amos, senhores dos portuguese­s, e quando fizerem consultas ao povo, não lhe façam prévias “lavagens” ao cérebro, nem condicione­m as suas opções mediante “imagens subliminar­es” através dos diversos meios de comunicaçã­o (televisão, redes sociais, publicidad­e). Os portuguese­s têm demonstrad­o que tem maturidade para optarem pelo que lhes parece ser convenient­e, ou rejeitarem o que lhes pretendam impingir como se lhes faltasse capacidade de discernime­nto.

Quero uma revolução que coloque os corruptos a ver o sol e a lua aos quadradinh­os. A liberdade de roubar e explorar não pode continuar. Os portuguese­s estão fartos de coloridas palavras de circunstân­cia capazes de fazer chorar estátuas. Quem faz do Estado rampa de corrupção deve ser preso.

Cumpriu um “sonho grande” discursar num 25 de Abril! Vi, através da TV, esta sessão solene, mas salvo o devido respeito por todos os discursos – inclusive, o do Presidente da República, que retomou o discurso do ano passado, contra o populismo –, na minha opinião, as palavras de Margarida Balseiro Lopes tocaram em várias vertentes da vida política do país, principalm­ente, o descontent­amento, que ainda existe no nosso povo!

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