«Tenho agora 41 anos. Cair estatelado numa superfície de cimento já não é tão hilariante como antigamente»
Se o Ryan tivesse oportunidade de adquirir um superpoder especial, qual escolheria?
Acho que optaria pelo poder da autorregeneração. Mas, dada a fase que agora atravesso na minha vida, sendo eu pai de duas meninas ainda pequeninas, acho que não me importaria de ter um poder mais mundano e compreensível. Por exemplo, a possibilidade de poder dormir mais umas horas mesmo quando estou a ser esbofeteado por uma bebé de ano e meio. Esse sim, seria um poder super especial a que eu daria imediatamente bom uso.
Uma das grandes delícias desta comédia é ver um corpo em movimento, contorcido, saltitante, evoluindo no espaço de mil maneiras diferentes. Como é que se mantem em forma? Pode incluir segredos de dieta, se assim o entender...
A ginástica geral faz parte, naturalmente, de toda a preparação que faço para as filmagens. Tenho agora 41 anos de idade, ou seja, cair estatelado numa superfície de cimento á não é tão hilariante como antigamente. Por isso, a regra geral é: em primeiro, e acima de mais nada, não te magoes. Note que temos aqui um realizador [David Leitch] que gosta de apanhar tudo na lente. Quer que a fisicalidade seja concreta e localizada no meio da ação, em vez de ser tudo acrescentado mais tarde por via de imagens digitais ou, simplesmente, recriada por um ator duplo que terá de ser levemente ofuscado nos pormenores. É o tipo de maestro que gosta de manter tudo muito sujo e terra-a-terra. Nas partes em que tenho de usar maquilhagem e outro tipo de caracterização, isso implica que passei mais quatro horas na cadeira do caracterizador. Se um dia de trabalho se estende por 14 horas, isso quer dizer que passei 18 horas no local de trabalho.
E a dieta?
Bom, a dieta é um daqueles suplícios a que, provavelmente, o grande Hugh Jackman também se submete. Inclui carradas de comida, talvez mesmo algumas galinhas vivas, tudo engolido sem pensar muito no assunto. É uma dieta do tipo aborrecido. Não há lá nada que se pareça com um gelado a derreter-se na taça depois de lhe ser acrescentado chocolate quente.
Lembra-se de algum momento muito especial e absolutamente inesquecível desde que subiu ao topo da fama?
Quando vou à gala do Museu Metropolitano de Nova Iorque. Da última vez que lá estive, a Blake levava um vestido que pesava uns 25 quilos. Tive que a ajudar a carregar a coisa. Fico com ansiedade antes de ir. Sou ansioso por natureza. Mas, uma vez lá, adoro passar os olhos pela multidão e observar cada um dos presentes. É nisso que está a verdadeira emoção: a observação dos outros durante o baile.
E na vida, digamos, normal? Quais são as figuras míticas que conheceu?
Já tive o prazer de trabalhar com a Helen Mirren, que agora considero uma amiga. Há quem pense que nunca devemos travar conhecimento com os nossos heróis. Eu discordaria.