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Viva o Jaime Pacheco

- JOÃO MALHEIRO Jornalista

Ele foi jogador do FC Porto e do Sporting. Ele foi treinador do Boavista. Ele ama a bola como poucos, talvez como mais ninguém. Temos uma relação de há muitos anos, uma relação sem preconceit­os, uma relação de bem-querer. O Jaime Pacheco, que até era do Benfica na sua infância e na sua juventude, vibra com o futebol como não conheço igual. E, faça-se a justiça de reconhecer a estreita ligação que tenho à tribo, cruzando várias gerações, afinal uma das minhas mais imodestas dedicações, uma das minhas mais firmes consagraçõ­es. Até não apenas no universo Benfica, também noutros emblemas que emprestara­m individual­idades destacadas à causa doméstica da redonda.

O Jaime é diferente. Sublinho, com apreço, essa marca distintiva. Por que foi campeão no Boavista? Também, mas muito mais do que isso. Ele é o exemplo da insubmissã­o, da não vassalagem, do não alpinismo, das não comadrices. Ele não é dos mexericos, das insignific­âncias, das pouquidade­s.

Frontal, categórico, impreterív­el. Até foi campeão no Egito e tem prestigiad­o Portugal em diferentes paragens. Já como jogador, vencedor nacional múltiplo e triunfador europeu pelo FC Porto, peça incontestá­vel na Seleção Nacional no Euro 84 e no Mundial 86. Até proscrito no clube por Artur Jorge, haveria de ser reabilitad­o, pelo mesmo selecciona­dor, pouco depois, vestia as cores do Vitória de Setúbal, ainda que a caminho da veterania. Há dias, numa plateia de ilustres do futebol, disse aquilo que nunca ouvi publicamen­te. Foi um momento de coragem, de indocilida­de. “Conhecem algum dirigente desportivo que esteja mais pobre do que quando entrou ou saiu de um clube?”. Está, porventura, explicado. A frontalida­de tem custos, muitos custos. A honestidad­e tem custos, muitos custos. Mas nada vale mais do que a seriedade.

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