Estamos no país das maravilhas?
Portugal continua numa trajetória de melhoria económica. Crescemos qualquer coisa. Criamos emprego. Exportamos mais e atraímos mais estrangeiros para Portugal. Esta semana ficamos a conhecer a queda da taxa de desemprego em março, facto que deverá continuar a verificar-se nos próximos meses. Temos menos pessoas à procura de emprego, o que significa mais rendimento disponível nas famílias e menos prestações sociais. Ou seja, um impulso positivo para toda a gente, famílias e Estado.
Em face destas boas notícias, convém que olhemos para os dados do crédito e da poupança das famílias. Gastamos cada vez mais com recurso ao crédito e à redução da taxa de poupança. Temos mais rendimento e gastamos mais do que esse rendimento. E não investimos, o que significa que vivemos o carpe diem sem acautelar o futuro. Significa também que estamos a criar dependência e nunca é confortável estarmos dependentes. Certo?
Estamos numa altura sensível. Estamos de ressaca de um período de austeridade e é natural que nos esqueçamos do que sofremos. É certo que alguns sofreram mais do que outros. Que uns até conseguiram ser beneficiados pela crise (talvez aqueles que tinham dinheiro disponível para investir, quando todos os outros tiveram de apertar o cinto). Mas também é certo que as taxas de juro não se vão manter baixas para sempre. E com a subida das taxas vem a subida das prestações bancárias… e o incumprimento de contratos. E maiores níveis de retorno para quem poupou. O que concluir de tudo isto? De que lado queremos estar?