Destak

Estamos no país das maravilhas?

- JOÃO MORAIS BARBOSA joao.morais.barbosa@reorganiza.pt

Portugal continua numa trajetória de melhoria económica. Crescemos qualquer coisa. Criamos emprego. Exportamos mais e atraímos mais estrangeir­os para Portugal. Esta semana ficamos a conhecer a queda da taxa de desemprego em março, facto que deverá continuar a verificar-se nos próximos meses. Temos menos pessoas à procura de emprego, o que significa mais rendimento disponível nas famílias e menos prestações sociais. Ou seja, um impulso positivo para toda a gente, famílias e Estado.

Em face destas boas notícias, convém que olhemos para os dados do crédito e da poupança das famílias. Gastamos cada vez mais com recurso ao crédito e à redução da taxa de poupança. Temos mais rendimento e gastamos mais do que esse rendimento. E não investimos, o que significa que vivemos o carpe diem sem acautelar o futuro. Significa também que estamos a criar dependênci­a e nunca é confortáve­l estarmos dependente­s. Certo?

Estamos numa altura sensível. Estamos de ressaca de um período de austeridad­e e é natural que nos esqueçamos do que sofremos. É certo que alguns sofreram mais do que outros. Que uns até conseguira­m ser beneficiad­os pela crise (talvez aqueles que tinham dinheiro disponível para investir, quando todos os outros tiveram de apertar o cinto). Mas também é certo que as taxas de juro não se vão manter baixas para sempre. E com a subida das taxas vem a subida das prestações bancárias… e o incumprime­nto de contratos. E maiores níveis de retorno para quem poupou. O que concluir de tudo isto? De que lado queremos estar?

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