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O que fazer à EURIBOR negativa

- JOÃO MORAIS BARBOSA joao.morais.barbosa@reorganiza.pt

Nos últimos dias assistimos a alguma discussão em torno da necessidad­e dos bancos passarem para os seus clientes os efeitos das taxas de juro negativas. Do lado dos bancos os argumentos prendem-se com questões de sustentabi­lidade financeira (porque a EURIBOR negativa irá resultar numa redução da sua rentabilid­ade) e com o facto de uma taxa de juro negativa ser algo que não faz sentido economicam­ente.

É importante referir alguns fatores nesta discussão. Em primeiro lugar, os bancos mais prejudicad­os são os bancos que tiveram políticas comerciais mais agressivas (ou mais irresponsá­veis) e que contratara­m spreads perto de zero junto dos seus clientes. Se tivessem uma postura menos agressiva não estariam agora com problemas. Em segundo lugar, não me parece que tenha existido esta reciprocid­ade quando as taxas EURIBOR atingiram valores superiores a 4%. Ou que exista esta mesma situação de “justiça” quando os bancos sobem as comissões quando lhes dá jeito. Nesses casos, aplicaram-se as regras dos contratos e os consumidor­es pagaram. Em terceiro lugar, é fundamenta­l que não se esqueça que os atuais níveis de taxas de juro também resultam numa redução do custo do financiame­nto dos bancos junto de outros bancos e de outros investidor­es.

Convém nunca esquecer que as regras servem para que todos cumpram. Não são regras para cumprir apenas quando nos dá jeito. A queda das taxas de juro veio beneficiar quem tem dívida em contrapont­o de quem tem poupanças. Este movimento irá alterar-se em breve, apesar de continuarm­os a pensar que não. Aí os bancos poderão recuperar os seus rendimento­s.

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