Ronaldo e os outros
Aquestão sempre foi formulada e vai continuar a ser. Quem foi o melhor jogador de futebol de todos os tempos? As opiniões dividem-se, ainda que o naipe de preferidos não ultrapasse a dezena. A geração e a nacionalidade dos opinadores e dos opinados, por norma, influenciam as escolhas. Há dias, em contraciclo, Jupp Heynckes veio a terreiro. “Cristiano Ronaldo é o melhor da história”, avançou, judiciosamente. O alemão, para quem não sabe, foi um destacado jogador do Bayern de Munique, numa época em que a formação bávara hegemonizou as competições internacionais. Também treinador, inclusive no Benfica, altura do apavorante mandato de Vale e Azevedo, substituído por um tal José Mourinho, em Setembro de 2000, na primeira aparição a solo daquele que viria a ser, sem quaisquer reservas, o mais reputado técnico nascido em solo nacional.
Heynkes tem fixação por Cristiano Ronaldo, já o coloca num patamar superior a Pelé, a Di Stéfano, ao também nosso Eusébio, a Maradona ou ao seu compatriota e ex-companheiro Beckenbauer. Para ele, o tema não é a rivalidade com Messi, é mesmo a coroação de Cristiano Ronaldo no prolongado trajeto da bola universal. Tenho para mim que Jupp Heynckes, na sua avaliação, premeia aquilo que mais distingue o actual capitão do combinado lusitano e a estrela maior do mítico Real Madrid. O concerto do talento com o laboratório. Esse é Cristiano Ronaldo. Aquele que aperfeiçoa um engenho portentoso com a mais avançada carga de recursos científicos e uma inexcedível cultura profissional. Nesta altura, no Mundial da Rússia, Ronaldo confirma a tese de Heynckes. Lidera uma equipa vulgar com a sua invulgaridade. É uma aproximação requintada do patrão/operário, coisa que os manuais da política denegariam e que os manuais da bola sabem consagrar.