«Não tenho jeito para inventar histórias»
Terminada a aventura da Eurovisão 2018, com “O Jardim” a representar Portugal, Isaura lança “Human”, o aguardado ‘debut’ da talentosa cantora e compositora.
As pessoas já te conhecem de outras andanças, mais precisamente da Eurovisão, mas a verdade é que este Human é o teu álbum de estreiaa solo. Em que te inspiraste?
Este disco surge depois do meu EP, de 2015. Um álbum é uma coisa diferente, é uma história, uma coisa mais pensada. Menciono esse EP porque foi algo muito importante para ganhar coragem para experimentar coisas diferentes. Tinha vontade de criar algo que significasse uma viagem, porque eu não me limito a um único tipo de influências ou sonoridades. Neste disco quero que as pessoas viagem comigo pela pop, pela electónica, por todas as sonoridades onde eu me sinto confortável. Eu diria que o disco tem dois lados: um mais de celebração, com coisas ainda antigas e que até recupera músicas editadas no EP; e uma segunda parte, o lado B do disco, que se apresenta mais fechado, mais melancólico. Comecei a composição deste disco com coisas mais fáceis, sem grandes dramas, leves. Depois, há cerca de um ano, a minha avó morreu, o que causou uma mudança drástica naquilo que na altura estava a sentir. Obviamente que este acontecimento marca uma parte do disco mais fechada.
Custa-te a exposição pessoal a que te sujeitas na criação das tuas canções?
Sim e não. Não porque me é muito natural fazer música sobre mim e sobre a minha vida... não tenho jeito para inventar histórias ou falar de coisas que eu não conheço. Por outro lado, há sempre a questão da timidez, algo que tenho de ultrapassar e continuar a combater.
As letras em inglês…? É como te sentes melhor? Porquê esta opção?
Eu concordo com a ideia que o inglês, de facto, consegue criar uma espécie de capa que nos protege da exposição a que nos sujeitamos na composição. Mas a minha opção pelo inglês não vem daí. Vem mais das minhas influências musicais e culturais: aquela pop electrónico muito associado a culturas anglo-saxónicas. E não creio que o inglês seja um elemento permanente para mim: acredito que, eventualmente, o português venha a ser uma aposta minha. Eu gosto muito de escrever em português. Sinto que são universos distintos, mesmo dentro do universo da Isaura. Acredito que vai chegar o dia em que eu vou deitar mão ao português e tentar explorar o que eu sou na Língua Portuguesa. Mas isso será uma etapa diferente.