A revisitação da direita
Oputativo novo projecto de Santana Lopes tem uma virtude. Impõe uma discussão sobre a natureza e identidade do centro-direita em Portugal. O que não é pouco. O artifício político que nos domina, sedimentado na convergência de esquerdas com interesses em si mesmo conflituantes, começa a claudicar. O PSD oscila entre o bom senso e a insanidade total. O CDS optou pelo pragmatismo em detrimento da definição ideológica que lhe proporcionou respeitabilidade, poder e influência. No meio desta enorme confusão emergem as forças de Juventude que repristinam valores e doutrina e conquistam adesões, simpatias e respeito. Esta discussão não se confina ao nosso País. Atinge e envolve a “velha Europa”. Excepcionando Macron – o líder europeu mais consistente e bem preparado – e Merkel – um exemplo de resiliência na defesa dos princípios básicos fundadores da democracia-cristã contra todos – assiste-se ao crescimento do populismo, do nacionalismo, do pior que a direita europeia gerou e que criou tempos de sombra e de tragédia. É muito importante olhar para todas as iniciativas – independentemente da legitimidade dos seus promotores – que contribuam para ressuscitar uma discussão séria sobre a forma de preencher o vazio de uma direita sem norte, perdida entre o pragmatismo resultadista e a exploração à náusea da onda de indignação popular sobre a política e uma classe política manifestamente pouco recomendável. Há alternativas?
Há. Basta regressar às origens. A direita em Portugal nunca foi liberal. Sempre se definiu como socialcristã. Defensora do humanismo personalista, da igualdade de oportunidades, da descentralização e defesa de um desenvolvimento nacional integrado, dos mais débeis, da família tradicional e do intransigente respeito pela dignidade de cada homem e mulher, independentemente da sua cor, raça, ideologia e religião! Esse centro-direita pode ter sucesso e combater o relativismo moral dominante.
O autor opta por escrever de acordo com a antiga ortografia