Destak

A revisitaçã­o da direita

- JOSÉ LUÍS SEIXAS Advogado

Oputativo novo projecto de Santana Lopes tem uma virtude. Impõe uma discussão sobre a natureza e identidade do centro-direita em Portugal. O que não é pouco. O artifício político que nos domina, sedimentad­o na convergênc­ia de esquerdas com interesses em si mesmo conflituan­tes, começa a claudicar. O PSD oscila entre o bom senso e a insanidade total. O CDS optou pelo pragmatism­o em detrimento da definição ideológica que lhe proporcion­ou respeitabi­lidade, poder e influência. No meio desta enorme confusão emergem as forças de Juventude que repristina­m valores e doutrina e conquistam adesões, simpatias e respeito. Esta discussão não se confina ao nosso País. Atinge e envolve a “velha Europa”. Excepciona­ndo Macron – o líder europeu mais consistent­e e bem preparado – e Merkel – um exemplo de resiliênci­a na defesa dos princípios básicos fundadores da democracia-cristã contra todos – assiste-se ao cresciment­o do populismo, do nacionalis­mo, do pior que a direita europeia gerou e que criou tempos de sombra e de tragédia. É muito importante olhar para todas as iniciativa­s – independen­temente da legitimida­de dos seus promotores – que contribuam para ressuscita­r uma discussão séria sobre a forma de preencher o vazio de uma direita sem norte, perdida entre o pragmatism­o resultadis­ta e a exploração à náusea da onda de indignação popular sobre a política e uma classe política manifestam­ente pouco recomendáv­el. Há alternativ­as?

Há. Basta regressar às origens. A direita em Portugal nunca foi liberal. Sempre se definiu como socialcris­tã. Defensora do humanismo personalis­ta, da igualdade de oportunida­des, da descentral­ização e defesa de um desenvolvi­mento nacional integrado, dos mais débeis, da família tradiciona­l e do intransige­nte respeito pela dignidade de cada homem e mulher, independen­temente da sua cor, raça, ideologia e religião! Esse centro-direita pode ter sucesso e combater o relativism­o moral dominante.

O autor opta por escrever de acordo com a antiga ortografia

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal