Férias de verão
A maior parte dos portugueses, não gozam férias. Não porque não as desejam, mas apenas por impossibilidade de reunir as condições que permitem tê-las.
Podem fazer de conta que beneficiam de tempos livres e calmos. Encher os dias vazios, com feriados e festas. Mas soa-lhes e sentem-nos sempre como feridas difíceis de aceitar e curar.
Sombras não lhes faltam.
A da árvore do jardim, que aguenta o pássaro, sacode o vento e faz gemer o banco aonde repousam o sono e o olhar. Espreitam por entre as folhas e as ripas da vida, as farpas do salário roto com cheiro a mofo, de tão velho, que prendem no bolso da camisa gasta.
Os dias com sol de alegria e de prazer, ficam longe. Aqui não chega o pó da areia brilhante e do sal. Estão para além do sonho e do mar. São dias feitos de tempo, caros, e doutras paragens com paisagens de pintor. Para lá chegar-lhes, é sempre preciso mais do que vontade e génio. É necessário, saúde e uma conta aberta que o trabalho incerto, e mal pago, não permitiu pela vida fora uma poupança, capaz de dela tirar agora, alguma felicidade.
Hoje os dias são de sombra com uma luz entrecortada pelas folhas, quando abanam sobre as nossas cabeças, carregadas de pensamentos desiludidos. Aqui sentados, só nos resta ver passar os que partem esbranquiçados, a substituir os que chegam bronzeados. Ainda há os comboios sonolentos que restam.
Erguendo o olhar podemos ter a sorte de ver um avião, a riscar o céu, deixando um rasto de fumo branco, que se apaga como o nosso desejo, ao fim de pouco
Mas, sem sermos defesa do diabo, a culpa também é – e muito – dos utilizadores das viaturas postas à disposição de qualquer utilizador, o qual por vezes é mais boçal na sua utilização do que o nossos antepassado homem das cavernas.
E mais adiantamos: tais boçais utilizadores estão-se marimbando pelo aquecimento global, bem como com o custo dos combustíveis. Entram na sua maquineta e zás, prego a fundo, sem se importarem com mais nada.
Tais anormais não sabem que a partir das duas mil rotações do motor o consumo dispara para altos consumos.
A grande maioria dos utilizadores nem sequer tem categoria para dirigir um simples carro de bois.
Assim, não mais escrevemos, porque quem também igual faz não lê estas linhas.