Que economia queremos?
Oser humano é egoísta! Esta é uma afirmação que dizemos como se fosse um dado adquirido e contra a qual nada pudesse ser feito. Pois eu não acredito nisso. É verdade que nas experiências de sobrevivência extrema, o Homem acaba por agarrar-se às suas necessidades em vez de cuidar do outro. No entanto, um indicador de evolução civilizacional é precisamente a verificação de que é possível fazer o contrário. Todos apreciamos sociedades que contrariam o egoísmo e onde há respeito pelo próximo. Deveria ser essa a nossa ambição de desenvolvimento. Também na teoria económica subjaz a ideia que a solução ótima ocorre quando o homem satisfaz o máximo de necessidades com o mínimo de recursos. Mas será que não podemos explorar uma visão diferente? Deveria ser motivo de inquietação que, com tanta evolução, existam no mundo 1.2 mil milhões de pessoas a viver com menos de 1.25 dólar/dia. No entanto, têm surgido algumas teorias que procuram entender o Homem como um ser de relação. Falo de teorias como a Economia de Comunhão (EDC), o Comércio Justo ou a Economia de Partilha, que nos desafia a pensar na utilização universal dos bens. Em particular, a EDC tem uma visão do Homem como sendo capaz de pôr o “outro” no centro das suas preocupações. Se em vez de termos como paradigma a procura do menor custo com o maior proveito individual, tivéssemos a procura do menor custo com o maior proveito da comunidade, então estaríamos a construir um mundo no qual a colaboração seria prioritária ao individualismo. No longo prazo todos poderíamos beneficiar dessa opção. É fácil perceber que a colaboraçãotraz um bem-estar global e mais duradouro. Esta posição não deveria ser um manifesto de intenções bonitas, mas sim traduzir-se em soluções práticas nas relações comerciais e como, enquanto consumidores, decidimos onde aplicamos os nossos recursos.