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A pátria de Ronaldo

- JOSÉ LUÍS SEIXAS Advogado

Há limites para tudo. Até para o mais básico provincian­ismo que continua a dominar a opinião pública portuguesa. Não me parece, sequer, necessário escrever o óbvio: Cristiano Ronaldo é um dos maiores futebolist­as do seu tempo. Mas recuso-me a alinhar neste patrioteir­ismo de pacotilha que o incensa como santo e o eleva aos altares. Não sei o que se passou em Las Vegas e, segurament­e, não serei eu a julgá-lo. Sentenças proferidas pela comunicaçã­o social são um cancro que vai minando a credibilid­ade da Justiça e destruindo tanta gente, tantas famílias e tantas empresas... Nisso também não alinho. Como recuso liminarmen­te a adjectivaç­ão da queixosa sem saber, na realidade, o que aconteceu. O que provavelme­nte, com mais acordos e dinheiro, nunca se saberá. Que a imagem de Ronaldo sai afectada é um facto. Como já saíra com a “transacção” dos seus três filhos mais velhos, cuja(s) mãe(s) se não conhece(m) e parecem ser bebés provecta, resultado não de uma relação de amor mas de impulsos de paternidad­e do craque que, sendo rico, tudo compra. Custa-me, pois, ver o Presidente da República, o Primeiro-ministro e o País bradar em uníssono ao mundo inteiro a sua indignação pelas acusações que atingem este ícone nacional. Como já me pareceu uma saloiice a atribuição do seu nome ao aeroporto do Funchal. É que, e aqui estará a grande diferença, reconheço-me português e não cidadão do País do Ronaldo!

O autor opta por escrever de acordo com a antiga ortografia

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