Pé diabético ainda sem o tratamento adequado
Podologistas dizem que é urgente criar consultas desta especialidade nos Centros de Saúde para evitar centenas de amputações que custam 25 milhões por ano.
OMinistério da Saúde tem subvalorizado a criação de uma consulta multidisciplinar com integração da podologia nos cuidados primários de saúde, de forma a evitar as amputações do pé diabético. O alerta é feito pela Associação Portuguesa de Podologia (APP), no âmbito do Dia Mundial da Diabetes que amanhã se assinala.
A taxa média de amputação do pé diabético em Portugal, principal causa de internamento destes doentes, é de 5,4 por 100 mil habitantes. Os últimos dados oficiais, relativos a 2015, apontam para 545 amputações major (pelo tornezelo ou acima dessa zona) e 705 minor (um ou mais dedos e pelo antepé) por ano. Uma realidade com custos para os doentes e para o Estado, que gasta uma média de 25 mil eu- ros por doente, num total de 25 milhões por ano, entre cirurgias, reabilitação, abstinência laboral e transportes.
Este cenário podia ser alterado não fosse a falta de investimento do Governo, denuncia ao Destakopresidenteda APP. Isto porque, apesar de a Direção Geral da Saúde já ter aprovado uma normativa que cria equipas multidisciplinares para a diabetes, que incluem ummédico,umenfermeiroeumpodologista, estas apenas existem em 10 hospitais, numa fase em que a doença já está num nível III, considerado crítico.
«Os podologistas deviam estar nos centros de saúde, quando é feito o diagnóstico, para evitar a ferida que evolui para uma úlcera, que por sua vez causa a amputação», explica Manuel Azevedo Portela, que destaca o facto de a região Norte, que concentra 80% da atividade privada dos podologistas, ser aquela onde baixaram mais as amputações entre 2006 e 2015.