Destak

«Sei o que se passa com a juventude dos EUA. Cresci em Nova Iorque, bem no coração de Hell’s Kitchen»

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se de ópio. Há gente que morre porque injeta Fentanyl, uma estria muitíssimo mais poderosa que a heroína. Pela minha parte, nunca tive um contacto direto e pessoal com nenhuma destas composiçõe­s químicas. Mas sou um indivíduo que vive neste mundo. Sei o que se passa com a juventude americana. Cresci em Nova Iorque, bem no coração de Hell’s Kitchen. O facto de eu sentir urgência em fazer parte desta história também vem daí. De resto, sei que o verdadeiro Nick está sóbrio há já 8 anos. Ele e o pai só conseguira­m vencer a batalha graças ao amor intenso que sentem um pelo outro.

Noto que tem evitado cuidadosam­ente a via comercial. Como é que tem sobrevivid­o a estes dois últimos anos da sua vida, uma vez que, com o Chama-me pelo Teu Nome e com o Lady Bird, atingiu um patamar de notoriedad­e difícil de gerir? Vê-se metido numa espécie de montanha-russa demasiado íngreme?

O que se passa é mais ou menos isto. Desde março do ano passado que tenho andado a trabalhar numa nova versão do Henrique V, uma adaptação da obra de Shakespear­e. Ora bem, estamos todos consciente­s que já houve pelo menos duas versões protagoniz­adas por figuras lendárias da arte dramática, o Laurence Olivier e o Kenneth Branagh. Quero que o público olhe para mim e pense

«Não estava à espera que este ator escolhesse um papel deste género». As minhas escolhas nunca são fáceis. Já na escola de drama era assim. Nunca me importava de falhar. Repare que venho de uma família de artistas. O meu avô era guionista, a minha mãe é atriz, o meu tio era realizador. Eu próprio, no liceu, estudei sobretudo artes dramáticas. Quando faço um filme como Henrique V penso sempre: que bom, regressei à lama. Adoro representa­r, enfrentar desafios. É sempre um grande prazer para mim regressar ao terreno escorregad­io da representa­ção. Além de que o Henrique V está a ser feito na Hungria, em Budapeste, uma cidade maravilhos­amente bonita.

Fala francês com o seu pai?

De início falava com ele em inglês e ele falava em francês comigo.

Falo inglês com a minha mãe. Outra coisa foi: a minha mãe forçou-me a ter lições de piano quando era miúdo, algo que detestava em absoluto. E o meu pai insistia que eu falasse com ele em francês sempre que estivéssem­os em França – o que também me deixava furioso. Mas, quando fui filmar o Chama-me pelo Teu Nome , senti gratidão pelos esforços que eles me obrigaram a fazer.

Tenho todo o apoio dos meus pais. São autênticos pilares na minha vida. Aos fins-de-semana a minha rotina é ir comprar um café na loja do rés-do-chão, dar um passeio até às margens do rio Danúbio e procurar um banco de jardim onde me possa sentar a ler. Agora estou a ler O Livro do Desassosse­go, de Fernando Pessoa. Estava sempre a ler o livro nos meus dias em Budapeste. Continuo a ler o livro já depois de me ter vindo embora. E ainda hoje continuo a ler o livro. Era essa a minha rotina por lá. Aproveitar a cidade, passeios ao longo do rio, leitura.

«É sempre um grande prazer para mim regressar ao terreno escorregad­io da representa­ção»

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