Destak

Irmã Lúcia no Benfica

- JOÃO MALHEIRO Jornalista

Não, não quero ferir suscetibil­idades. Todo o respeito, todo mesmo, pelas diferentes crenças religiosas, ademais por viver numa sociedade de enorme influência judaico-cristã. Da mesma forma, respeito intocável por agnósticos ou ateus, sempre na assunção da pluralidad­e.

Mas que luz foi essa iluminou Luís Filipe Vieira, declarada pelo próprio, em pomposa conferênci­a de imprensa? Que luz foi essa que levou o presidente do Benfica a fazer uma colossal pirueta, transforma­ndo Rui Vitória de futuro ex-treinador em ex-treinador futuro? A confissão é aberrante, é caricata, é risível. Acresce que só dá argumentos aos detratores da maior instituiçã­o desportiva, só vai inspissar o anedotário nacional. Até se pode dizer que a Vieira só faltou designar, a título póstumo, a Irmã Lúcia, presidente honorária do Sport Lisboa e Benfica. Mais a sério, Vieira acentua o desastre. É o resultado de uma gestão cada vez mais autoritári­a e egocêntric­a, que observa a cultura empresaria­l golear a cultura desportiva/competitiv­a, que determina o predomínio dos jogos em tribunal relativame­nte aos jogos nos estádios. Como é possível Vieira não acompanhar a equipa nos confrontos internacio­nais? Como é possível Vieira ser o principal responsáve­l pelo folhetim Jorge Jesus, que trouxe para a ribalta, debilitand­o Rui Vitória e fraturando mais ainda o universo rubro?

A situação atual do Benfica é caótica e de uma irresponsa­bilidade aflitiva. A tudo isso soma-se a gritante incompetên­cia da estrutura de comunicaçã­o, incapaz de gerir os dossiês mais intricados. Da minha parte, reforçando que nunca aceitarei um cargo remunerado no Benfica, resta jamais me demitir do exercício da cidadania benfiquist­a, única forma de tentar pagar a gigantesca dívida emocional que tenho para com o clube que amo.

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