Protesto potencia as mortes evitáveis
Ordem dos Enfermeiros admite que mais doentes podem morrer devido à greve às cirurgias; Ordem dos Médicos não desmente a possibilidade e pede solução
Depois de na sexta-feira ter dito que a greve dos enfermeiros às cirurgias nos cinco principais centros hospitalares é uma “catástrofe e calamidade sem precedentes”, ontem a bastonária da Ordem dos Enfermeiros agravou (ainda mais) o discurso. “Pessoas a morrer no SNS por falta de enfermeiros infelizmente já acontece há muito tempo e estamos a falar de mortes evitáveis. É evidente que a greve nos blocos operatórios, que já adiou mais de 5.000 cirurgias, pode potenciar essa situação”, admitiu Ana Rita Cavaco à TSF.
Confrontado se há doentes a morrer por causa desta greve, o bastonário da Ordem dos Médicos foi cauteloso. “Não posso garantir isso. Não posso garantir que alguns doentes não possam ser prejudicados e de forma complexa.” Mas Miguel Guimarães recusa uma “situação de catástrofe”, a única em que poderia aceitar a sugestão dos administradores hospitalares de proceder às cirurgias sem a presença de enfermeiros nos blocos operatórios.
Depois de se reunir com os diretores clínicos das unidades afetadas, o bastonário garantiu que “tudo está a ser feito pelos hospitais e pelo SNS para que as situações sejam resolvidas o mais rapidamente possível”. Os doentes graves “estão a ser tratados” e para as situações complexas está a ser encontrada solução “dentro dos mecanismos legais”. E deu o exemplo do Santa Maria, em Lisboa, que já transferiu alguns doentes para hospitais da sua área, nomeadamente para o Hospital de São José, para o Centro Hospitalar Lisboa Ocidental e para o Hospital Beatriz Ângelo.