Salários ficam para trás na evolução
Entre os vários elogios à forma como o mercado de trabalho português evoluiu entre 2008 e 2018, Organização Internacional do Trabalho (OIT) também faz avisos
São 166 páginas onde o chefe da Unidade de Coordenação e Desenvolvimento de Políticas por País da OIT aborda o Trabalho Digno em Portugal 2008-2018: Da Crise à Recuperação. E Aurelio Parisotto assinala “três características distintivas que ajudaram Portugal durante um difícil processo de ajustamento para uma recuperação célere da economia e do mercado de trabalho”.
Em primeiro lugar, “o país já estava no seu próprio caminho de ajustamento antes da crise”, com a implementação gradual de políticas que ajudaram a fomentar a reestruturação das empresas. Em segundo lugar, “a experiência portuguesa não corrobora a ideia convencional” de que a redução dos custos do trabalho e a flexibilização do mercado laboral aceleram o ajustamento económico e a competitividade. Por fim, e embora tenha sido a troika a impor muitas das medidas tomadas entre 2011 e 2014, o envolvimento dos parceiros sociais“foiumfatorparaosucessoregistado em anos mais recentes”.
Masoestudo,analisadopelo Destak, também contém alertas. Apesar do aumento do emprego, a qualidade e os salários continuam baixos. “Há uma segmentação generalizada do mercado de trabalho, com um grande número de empregos temporários” e “os salários permaneceram praticamente inalteráveis em termos reais e são baixos relativamente à média da UE”. Ainda assim, a OIT reconhece que os aumentos dossaláriosmínimoscontribuírampara “um ligeiro declínio nas desigualdades”.
Outro reparo está relacionado com o horáriodetrabalho:“jáelevadodeacordo com os padrões da UE, aumentou sem que daí resultasse uma melhoria nas oportunidades de emprego”, e hoje trabalha-se mais por menos dinheiro.