O flagelo da violência doméstica
Aviolência doméstica volta a marcar a atualidade; muitos escrevem sobre este crime hediondo, o Parlamento discute o que se pode fazer para a combatê-lo. Todos ficamos a saber que só no mês de janeiro foram assassinadas nove mulheres por atos de violência doméstica. Em novembro do ano passado estavam contabilizados mais de vinte casos que, em 2018, acabaram com a morte da vítima. O que fazer para mudar este estado de coisas? No passado domingo, centenas de pessoas marcharam em silêncio em Lisboa para homenagear as vítimas. A sociedade sente-se confrangida e impotente perante este flagelo que parece eternizar-se. Na Conferência Mundial dos Direitos Humanos, realizada em Viena em 1993, afirmou-se que “a violência contra as mulheres e crianças foi considerada o maior crime contra a Humanidade, tendo mais vítimas do que qualquer guerra mundial”. Já pensou bem na dimensão preocupante destes números? A violência doméstica fez até hoje mais vítimas do que as guerras… A violência exercida sobre as mulheres e as crianças não foi sempre considerada um problema social. Graças à alteração dos comportamentos sociais, hoje, mais do que problema social, é considerada um crime, podendo ser denunciada por qualquer um de nós. É uma evolução clara no sentido da não aceitação de atos de violência exercida sobre as mulheres, e um avanço em termos de defesa dos Direitos Humanos mais fundamentais. O que pensar, então, destas notícias que nos dizem que só no mês de janeiro já foram assassinadas nove mulheres no nosso país? As causas da violência doméstica são múltiplas, e muitas assentam também em disfunções sociais complexas, pelo que o combate passará por uma ação integrada e multidimensional que espero que o país seja capaz de concretizar. Devemos isso a todas as vítimas.