Dirigentes abrem nova frente de luta
Um dos sindicatos que convocou a greve às cirurgias, que o Governo diz ter posto em risco a vida de nove doentes, pede que os enfermeiros boicotem falsas horas extra
AAssociação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros, o sindicato que apelou à suspensão da greve às cirurgias depois de um parecer da Procuradoria-geral da República ter dito que é ilegal, publicou ontem uma nova mensagem no Facebook, onde pede a todos os enfermeiros que deixem de fazer “falsas horas extraordinárias”. E para isso já está a disponibilizar as minutas de recusa de prestação de horas além do período normal de trabalho, que devem ser entregues nos serviços dos hospitais. Um protesto mais abrangente, portanto.
A lei define que cada enfermeiro pode prestar duas horas extraordinárias por dia, num máximo de dez. Só que o sindicato argumenta que os hospitais obrigam constantemente os profissionais a cumprirem mais horas do que o estipulado pela lei. A Ordem dos Enfermeiros diz mesmo que as unidades hospitalares ficaram a dever um milhão de horas aos enfermeiros em 2018, tempo que raramente é reposto.
A bastonária assegura que, caso todos os enfermeiros recusassem esta tática das administrações para contornarem a falta de pessoal, os hospitais ficariam numa situação “muito complicada” ao fim de dois ou três dias. Este novo apelo junta-se a outro que já fora feito: a não participação em cirurgias extraordinárias, onde o pagamento acresce ao salário normal.
Estas formas de luta são uma alternativa à greve às cirurgias. Na contestação que entregou ao tribunal, o Governo afirma que os serviços mínimos foram desrespeitados em cerca de 450 cirurgias em quatro centros hospitalares. Nove dessas intervenções envolviam doentes oncológicos em risco de vida ou em situações muito graves.