Em clima de greves
A greve é um direito e uma ferramenta da qual os trabalhadores dispõem para as suas justas reivindicações. Certamente.
Banalizá-la, usá-la com oportunismo é inaceitável, sobretudo no setor público, embora o privado tenha demonstrado que consegue parar o país ( motoristas de matérias perigosas). Esta realidade torna visível a displicência do Estado.
O aparelho do Estado é suportado pelo dinheiro dos contribuintes. Em troca, tem de garantir a estes coisas básicas como o direito a deslocarem-se nos transportes públicos, atendimento nos hospitais públicos, os filhos crescerem intelectualmente nas escolas públicas, entre outras. Na prática, isso não tem sido garantido. Não existe legislação capaz de assegurar os direitos das populações, nem tão-pouco impedir que os calendários das greves continuem a calhar nas apetecíveis sextas e segundas-feiras ou em vésperas ou após feriados, revelando oportunismo.
E como se não bastasse, jovens estudantes querem fazer greve contra as alterações climáticas, como se, por ventura, essa paralisação resolvesse alguma coisa a não ser agravar o défice de aprendizagem, pois de contrário seriam capazes de manifestar a sua legítima preocupação em cívicos e sonoros protestos públicos, resistindo assim ao apelo de mais um dia de férias neste massacrante e manipulado clima de greves.