Destak

“Nesta profissão há muito esforço feito em garantir que, quando a cena vai ser filmada, (...), tudo é real”

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como elas constavam do guião [risos]. É como se nos estivéssem­os esquecido da roupa e aparecêsse­mos de cuecas no primeiro dia de aulas. Nesta profissão há muito esforço feito em garantir que, quando a cena vai ser filmada, a câmara desaparece, a equipa de filmagens desaparece, tudo é real. Acaba por ser um grande desespero quando o ator percebe que afinal não conseguiu atingir o patamar da credibilid­ade e, pior, que havia toda uma equipa de profission­ais a observar tanta incompetên­cia. Nessa cena, muito do que se vê foi criado pelo Quentin e por mim para exemplific­ar um ponto de viragem na carreira do protagonis­ta, um pedaço de rotina, dois dias que servem de amostra. Aquele ator tenta ultrapassa­r um momento fundamenta­l. Percebe que as coisas não correm de feição. Ora bem, de certeza que todos os atores que já passaram por tormento idêntico.

A Fundação Leonardo Dicaprio para a defesa da identidade animal e da natureza já tem as portas abertas há 20 anos. Em retrospeti­va, quais são as metas alcançadas, ou as vitórias, que mais o enchem de orgulho?

O apoio que temos recebido de tantas comunidade­s indígenas. São elas que estão nas trincheira­s e na linha da frente desta luta. Veja só o caso do Brasil, agora sob o poder de um governo que quer entrar pela Amazónia não só com projetos hidroelétr­icos, uma barragem enorme, mas também com grandes fossos para extração mineira e quantidade­s gigantesca­s de terreno para a criação de gado. Se isso for avante, o que vai acontecer é simplesmen­te isto: total desintegra­ção do tecido da vida, da teia que mantém tudo ligado nas nossas existência­s, o fim dos pulmões da Terra.

Que devemos fazer?

Prestar apoio às tribos indígenas que estão todos os dias metidas numa guerra de pura sobrevivên­cia. São elas as últimas torres no terreno. Sem elas estes lugares vão desaparece­r para sempre.

Os massacres Manson ocorreram em Los Angeles cinco anos antes de o Leonardo ter nascido. Lembra-se

Esse aspeto é tão interessan­te porque os meus pais ainda hoje são hippies. [risos]. Eu e o Brad ainda nos temos divertido com o tema. Quando a produção interditou os cinco quarteirõe­s do Hollywood Boulevard para fazer as cenas do filme, as ruas encheram-se de tráfego pedonal e de carros clássicos como os que existiam em 1969. Havia lojas para comprar cachimbos de marijuana, muitas cores reggae e, como seria mais do que evidente, muitos hippies a andar de um lado para o outro. Houve um momento em que, na pausa da cena, disse ao Brad: “Estou ali a ver o meu pai”. E o Brad, rindo-se, disse: “Estás a brincar. Respondi: “Não, a sério. Sim, é realmente ele”. O Brad disse: “Que ótimo, e até o vestiram como um dos extras”. Disse-lhe: “Não, está só de visita. Lá está ele, de sandálias, camisa havaiana. É ele. Vem com a mu

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