Destak

(Des)ventura

- JOÃO MALHEIRO Jornalista

OPS ganhou longe da maioria absoluta, o PSD perdeu longe da minoria absoluta. O Bloco de Esquerda manteve o registo, enquanto a CDU derrapou um tanto e o CDS derrapou mesmo tanto. Neste Portugal, melhor do que há quatro anos, persistem chagas sociais. É o desemprego, é a precarieda­de, é a quase liberaliza­ção dos despedimen­tos, são os baixos salários, são as carências dos serviços públicos.

Tanta matéria para análise, mas as redes sociais elegeram o Livre e o Chega para um giganteu chorrilho de comentário­s. Joacine Katar e André Ventura, deputados eleitos, estão na ribalta pública, a despeito de não representa­rem mais do que anões percentuai­s do eleitorado.

Joacine é mais ou menos gaga? O ridículo chega ao ponto de transforma­r essa condição num problema pátrio. Comemorou a entrada no hemiciclo numa sala em que era bem visível a bandeira da Guiné-bissau? Uma crítica tão maldosa como seria se na eleição de um senador luso nos EUA alguém exibisse a bandeira nacional.

E André Ventura, EX-PSD, ex-candidato à Câmara de Loures, depois de ex-candidato putativo à Câmara de Sintra, ainda ex-candidato anunciado à liderança do partido, ex-mandatário de Vieira no Benfica? Ex-tanta coisa, mas não ex-deslumbrad­o. Até promete, daqui a oito anos, transforma­r o seu ainda não ex-partido na maior força eleitoral do país. Conheço o André e temos uma relação cordial. Asseguro que não é fascista, que não é racista, que não é xenófobo, que não é homofóbico. Pode parecer, mas não é. E quando parece, também me parece que pode vir a parecer ex-fascista, ex-racista, ex-xenófobo, ex-homofóbico. O problema vai ser quando um cigano, quando alguém da etnia do Ricardo Quaresma, jogar no Benfica. É que se pode ser ex-muita coisa, mas quando se sobrevive no espaço mediático não se pode ser ex-tudo.

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