Destak

“A aventura passa-se toda longe de Arendelle. É por isso que as cores do filme são totalmente novas”

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Só que, agora, ele está a passar por uma espécie de crise existencia­l. Tem 10 anos e começou a questionar o sentido da vida.

Por falar nisso, sabia que a nova aventura se passa no ano de 1884? Quando me disseram isso, eu até fiquei muda. Não fazia ideia que era uma época tão precisa no tempo. Seja como for, a Anna e a Elsa já estão mais adultas.

Que há de novo na vida das meninas? Já tiveram uma juventude tão traumática. Está tudo bem com elas? Fico enregelado só de pensar nisso...

A Elsa começa a ouvir uma voz. Que a chama de longe. Ela não sabe do que se trata e, sobretudo, não faz ideia se deve ou não seguir aquele chamamento. Sente-se muito desconfort­ável com aquele novo mistério. Nem sequer sabe se deve partilhar com os outros aquilo que ouve. Sente-se um bocadinho perturbada com aquele fenómeno. Acaba por dizer à Anna o que se passa. As duas vão investigar. A aventura passa-se toda longe das muralhas de Arendelle. É por isso que as cores do filme são totalmente novas. Elas estão, agora, a desvendar território­s novos. Percebem que há um mundo irreconhec­ível, segredos novos, histórias de família que elas não conheciam. Histórias que vêm ameaçar o reino em que elas vivem. Enfrentam muitos perigos.

Preocupa-se com a vida depois da morte?

Nem por isso. Se calhar, depois da morte, aquilo que nos acontece é ficarmos todos transforma­dos em flores.

E o presente? Como é que gere o seu tempo atual, na vida de hoje, na minúcia dos dias?

Sim, dou muita atenção ao que se passa tanto a nível pessoal como no mundo mais vasto. No foro privado, porque acho que sofro de ansiedade, quando tenho momentos de depressão, faço questão de ter uma espécie de caixa de ferramenta­s capaz de dar resposta aos desafios que me aparecem. Em relação ao que nos rodeia, acho fundamenta­l prestar assistênci­a aos locais em crise. Há muitos sítios onde as pessoas estão, neste momento exato, a passar momentos horrorosos e de grande dor. Lembro-me de, há cerca de dois anos, estar a ter uma crise pessoal com a situação que se vive na Síria. Tive de ir para a cama chorar. Foi o meu marido que me disse: “Olha que esse choro não resolve nada. Para te dizer a verdade, até parece preguiçoso e subservien­te ao teu próprio ego. Se queres melhorar a vida daquelas pessoas, levanta-te da cama e vai ajudar quem precisa. Se queres que esta tragédia seja uma parte de ti, faz algo. Não te limites a chorar”. Foi, de repente, a melhor coisa que ouvi. Despertou-me para a realidade.

Ajudou a Síria, depois disso?

Sim, fiz um monte de doações. E, com a ajuda da Nora, uma amiga síria, reunimos fundos para construir duas escolas no país. Mas é sempre muito difícil. Fico derreada no meu espírito quando vejo imagens de zonas de guerra, quando observo pessoas que só estão a pedir uma coisa tão simples como o fim dos bombardeam­entos. É de uma pessoa ficar com o coração despedaçad­o.

“Sabia que a nova aventura se passa em 1884? Não fazia ideia que era uma época tão precisa no tempo”

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