Obrigado, professor Edgar Morin!
Recentemente, tive a honra de participar na cerimónia de atribuição do título de Doutor Honoris Causa ao filósofo e sociólogo francês Edgar Morin. Foi, verdadeiramente, um privilégio ter sido convidado para estar presente e partilhar algumas perspetivas, muito próprias, sob o olhar atento de tão ilustre personalidade. Deixo o meu comovido agradecimento à Universidade Lusófona do Porto. Só encontro na sorte uma razão para este convite e partilho este artigo com o regozijo de quem esteve fisicamente aproximado de uma pessoa que tanto me inspirou com os seus desafios, tanto me exasperou com as suas abordagens complexas e recusando simplificações abusivas, e tanto admira a proposta de um método de trabalho, mais do que umas afirmações tão avulsas quanto efémeras. Sim, porque o professor Edgar Morin é também a recusa da moda em nome do conhecimento estruturado, não vacila na defesa da profundidade epistemológica e da complexidade dos saberes em detrimento do mediatismo do momento e não abdica da profundidade da análise epistemologicamente orientada em detrimento das tendências de circunstância, que só na aparência se distinguem do senso comum. Recusando o conhecimento fragmentado, a realidade simplificada, a especialização básica e sem trabalho de rede, o Edgar Morin ajudar-nos-á sempre a perceber a realidade como ela é: complexa, multidisciplinar e interdependente. E fá-lo-á não apenas por ser um seu inspirador, mas por ser, a meu ver, o seu verdadeiro fundador, aquele que foi mais fundo. O fundador de uma efetiva epistemologia da complexidade, mais robusta do que um estruturo-funcionalismo abstracionista e muito mais fértil do que um micro-conhecimento sem sentido sistémico.
Obrigado, Professor. Foi verdadeiramente uma honra!