O admirável mundo dos assessores
Oséquito de assessores que acompanhou a deputada Joacine Katar Moreira na reunião do Livre de domingo passado descobriu a prolixa dimensão de serviçais da política que os nossos órgãos de soberania toleram. Uma só deputada dispor de tanto apoio é, aos olhos de um cidadão português médio e contribuinte escrupuloso, obsceno. Mas prossiga-se a observação sobre as equipas de funcionários nomeados para os gabinetes de apoio dos grupos parlamentares na Assembleia da República suportado na II Série do
Entre chefes de gabinete, adjuntos, assessores, secretárias e motoristas, são muitos, mesmo muitos, a pretensamente servir os deputados para estes servirem o Parlamento para este servir o País. Nesta leitura apaixonante da referida II Série do não nos confinemos, porém, à Assembleia da República. Mergulhemos nos gabinetes ministeriais, de secretários e subsecretários de Estado, enfim, no Governo no seu todo.
Aí qualquer alma razoável e parcimoniosa na gestão dos dinheiros públicos corre o sério risco de sucumbir num ápice. As nomeações são intermináveis, sucedem-se numa cadência louca e ameaçam não cessar tão cedo. Será todo este ‘pessoal político’ necessário? Serão todos os nomeados de tanta excelência cujo contributo é essencial para o serviço da República? Ou estaremos, uma vez mais, mais descabeladamente e sem qualquer freio a consentir uma lógica de clientelismo que vai alimentando partidos, amigos e familiares à custa do comprometido erário público? Não entro na demagogia de perguntar quanto se faria no Serviço Nacional de Saúde com parte das remunerações auferidas por esta gente. Mas reconheço que a constatação deste desmando legitima a revolta e o descontentamento de muitos que esperam receber do Estado o justo reconhecimento da importância do serviço público que prestam. Depois admirem-se que o populismo cresça…!
O autor opta por escrever de acordo com a antiga ortografia