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O vírus que infetou o futebol português

- EMANUEL CAETANO Ermesinde

Quando pensas que o futebol português já bateu no fundo surge sempre algo pior do que o anterior.

A Liga Portugal, organismo que realiza três competiçõe­s do futebol português, permitiu que uma equipa com mais de 80% do plantel afectado por um vírus contagioso – que provoca febres altas, arrepios de frio, dores de cabeça, diarreia e vómitos – defrontass­e outra a contar para o campeonato.

Não é preciso ser médico, como o presidente do Sporting Clube de Portugal, para saber que este problema de saúde se resolve com repouso, hidratação e evitando actividade­s fisicament­e desgastant­es.

A Liga, contrariam­ente à credibilid­ade e à defesa dos seus associados, que tanto apregoa, devia ter adiado o jogo, à semelhança do que aconteceu com casos em Espanha, mas, em vez disso, apenas se preocupou em não apanhar o vírus e lavou literalmen­te as mãos, como Pôncio Pilatos. em ruptura por exaustão da capacidade de resposta, sendo os utentes reencaminh­ados para outros hospitais, congestion­ando e provocando ruturas sucessivas dos diferentes serviços de urgência.

Numa deslocação com um familiar ao serviço de urgência do Hospital Garcia de Orta na noite de 6 para 7 de janeiro, foi-me possível observar pessoas sentadas e deitadas no chão, com tempos de espera na ordem das 10 horas... enfim, um cenário dantesco.

Por momentos, pensei que estaria num país subdesenvo­lvido. E é verdade: o nosso país continua subdesenvo­lvido.

Enquanto os ministros se passeiam entre conferênci­as de imprensa com palavras de circunstân­cia, o SNS – Serviço Nacional de Saúde vai caindo aos bocados. Não existe qualquer planeament­o, não existe organizaçã­o. Os discursos dos políticos são verdadeira­mente ocos. Por outro lado, os seus assessores e os conselhos de administra­ção dos hospitais tentam a todo o custo evitar a comunicaçã­o dos encerramen­tos das diferentes urgências (e conseguem!).

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