O vírus que infetou o futebol português
Quando pensas que o futebol português já bateu no fundo surge sempre algo pior do que o anterior.
A Liga Portugal, organismo que realiza três competições do futebol português, permitiu que uma equipa com mais de 80% do plantel afectado por um vírus contagioso – que provoca febres altas, arrepios de frio, dores de cabeça, diarreia e vómitos – defrontasse outra a contar para o campeonato.
Não é preciso ser médico, como o presidente do Sporting Clube de Portugal, para saber que este problema de saúde se resolve com repouso, hidratação e evitando actividades fisicamente desgastantes.
A Liga, contrariamente à credibilidade e à defesa dos seus associados, que tanto apregoa, devia ter adiado o jogo, à semelhança do que aconteceu com casos em Espanha, mas, em vez disso, apenas se preocupou em não apanhar o vírus e lavou literalmente as mãos, como Pôncio Pilatos. em ruptura por exaustão da capacidade de resposta, sendo os utentes reencaminhados para outros hospitais, congestionando e provocando ruturas sucessivas dos diferentes serviços de urgência.
Numa deslocação com um familiar ao serviço de urgência do Hospital Garcia de Orta na noite de 6 para 7 de janeiro, foi-me possível observar pessoas sentadas e deitadas no chão, com tempos de espera na ordem das 10 horas... enfim, um cenário dantesco.
Por momentos, pensei que estaria num país subdesenvolvido. E é verdade: o nosso país continua subdesenvolvido.
Enquanto os ministros se passeiam entre conferências de imprensa com palavras de circunstância, o SNS – Serviço Nacional de Saúde vai caindo aos bocados. Não existe qualquer planeamento, não existe organização. Os discursos dos políticos são verdadeiramente ocos. Por outro lado, os seus assessores e os conselhos de administração dos hospitais tentam a todo o custo evitar a comunicação dos encerramentos das diferentes urgências (e conseguem!).