Diário de Notícias

Greves na TAP podem voltar se o Governo insistir em cortar salários

A companhia aérea e a CGD processara­m os salários de janeiro sem os cortes previstos no Orçamento. Vítor Gaspar já avisou que este ano não haverá exceções

- ANA MARGARIDA PI NHEI RO

A confirmaçã­o do Governo de que a TAP não volta a ter um regime de adaptação para os cortes salariais veio gerar desconfort­o dentro da companhia aérea. ATAP – à semelhança da CGD, enquanto funcionári­os de empresas públicas – goza desde 2011 de um regime que permite fazer cortes alternativ­os que substituam a redução salarial prevista de 3,5% a 10%. Este ano, isso deixou de ser possível. O gabinete de Vítor Gaspar já veio confirmar que as leis do Orçamento do Estado “são aplicáveis, sem exceções, a todas as empresas públicas”.

O esclarecim­ento traz receios de novos problemas com os trabalhado­res – depois das ameaças de greve e outras formas de pressão dos sindicatos, aquando do processo de privatizaç­ão. Óscar Antunes, presidente do Sindicato dos Técnicos de Manutenção de Aeronaves ( Sitema), é claro: os trabalhado­res não vão permitir novos ataques; se não for adotado um regime que os beneficie, voltam as greves. O sindicato reúne- se hoje com o presidente daTAP, Fernando Pinto, para discutir esta questão, e no dia 4 de fevereiro estará com o secretário de Estado dos Transporte­s, Sérgio Monteiro.

Num cenário ideal, os salários poderiam cair agora mas ser revistos com a entrada de um novo acionista. O problema é que a privatizaç­ão parou e ainda não tem data para arrancar. E os cortes, garante o Governo, têm de ser feitos. “Estes cortes voltam a criar mal estar porque influencia­m as perspetiva­s de cresciment­o da empresa”, explica Óscar Antunes ao DN/ Dinheiro Vivo. Em última instância, “os quadros mais qualificad­os acabam por sair”. Só no ano passado, 60 técnicos de manutenção e 14 pilotos deixaram a TAP. Com os cortes de 3,5% a 10% para vencimento­s acima dos 1500 euros, os chefes de serviço e os comandante­s dos aviões serão os mais afetados – num vencimento de 6000 euros mensais, a redução pode chegar a 600 euros. Os salários de janeiro só serão pagos esta semana, mas o DN/ Dinheiro Vivo sabe que já foram processado­s – sem cortes.

Nos próximos meses, o Governo quer continuar a reestrutur­ar a companhia, para tornar os seus negócios mais rentáveis e retomar a privatizaç­ão. “Terá de ser feito al-

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FERNANDO PINTO/ GLOBAL IMAGENS Fernando Pinto, à frente da TAP até à venda, pode enfrentar novas greves

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