Diário de Notícias

O Benfica das setas, o FC Porto do ‘ ioiô’ e o Vitória ‘ matrioska’

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ao fim, mesmo com uma dupla de centrais em estreia e sem os alas de que precisa ( João Pedro apenas chegou e já é o mais perigoso). Por isto o espetáculo valeu a pena, com mérito das duas equipas e ambos os treinadore­s.

Um GilVicente com laterais macios, meio- campo sem frescura e ataque desconheci­do não resistiu à força do FC Porto, arrasador no jogo interior, numa dinâmica crescente em que todos participam e tem na base o“ioiô” infalível que liga Lucho aMoutinho: se um baixa para construir, o outro avança para jogar no espaço neutro que o adversário descura. É fantástico passar alguns minutos do jogo a reparar só nos dois, nesse “ioiô”. A variante estratégic­a de Vítor Pereira, comVarela na direita e Defour na esquerda, ainda baralhou mais o Gil, com o belga a ter mais à vontade ofensivo e Varela a render – golos até – e a fazer render Danilo. Com AlexSandro a voar na esquerda e até Fernando a soltar- se para zonas mais avançadas, o FC Porto assume umamobilid­ade que obriga o adversário a jo- gar uma espécie de “onde está Wally?”, ou… onde está aquele azul e branco que eu teria de marcar? Resultado: cinco golos. Sem resposta.

O Sporting sobe degraus da qualidade de jogo, sem encantar ainda mas sem passar também por longos minutos de amnésia. Agora, mais ou menos ofensivo, dominador ou nem tanto, há sempre Sporting no jogo. E Van Wolfswinke­l marcou um golo maravilhos­o. Não ganhou porque do outro lado está o caso mais admirável deste campeonato: oVitória matrioskad­e Guimarães. Como na famosa boneca russa, retira- se um jogador e surge outro para o lugar, e mais outro. Rui Vitória tem conseguido o impossível: perde soluções, estende o plantel, promove miúdos e, incrivelme­nte, faz crescer a união do grupo que explica parte do sucesso. Paulo Oliveira e Tiago Rodrigues prometem, Baldé é um caso espantoso de evolução, mas é o coletivo que surpreende e quase emociona. Atenção todavia: há sempre umaúltima boneca na matrioska. A seguir, o jogo perde o encanto.

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