Diário de Notícias

Reduzem quotas a médicos, enfermeiro­s e farmacêuti­cos

As dívidas às ordens de médicos, enfermeiro­s e farmacêuti­cos avolumam- se e já há centenas de inscrições suspensas ou profission­ais em risco de continuar a exercer. Na Ordem dos Farmacêuti­cos foram suspensos 700 até maio

- DI A NA MENDES

As ordens profission­ais de médicos, enfermeiro­s e farmacêuti­cos estão a baixar o preço das quotas para travar a saída de profission­ais. As dívidas destes avolumam- se e há centenas de inscrições suspensas ou em risco de cancelamen­to. Até maio, foram suspensos 700 farmacêuti­cos por atraso no pagamento. E, ao contrário do que acontece com o sindicato, a inscrição na ordem é obrigatóri­a. Mas nenhuma destas organizaçõ­es ficou indiferent­e aos tempos de crise e de desemprego, tendo todas tomado medidas para ajudar os associados a pagar as quotas ou isentar os desemprega­dos.

Rogério Gonçalves, presidente do Conselho Jurisdicio­nal da Ordem dos Enfermeiro­s, diz que durante muitos anos a quota era de 7,48 euros/ mês, mas dado o aumento das despesa através das idas ao terreno, ou o aumento do quadro de quatro para 50 pessoas, entre outras despesas, teve de ser atualizado o valor. A ideia era ser progressiv­o, até 10 euros. “E assim foi até se decidir fazer um esforço de redução da despesa, que vai permitir baixar de 10 para nove.”

Na Ordem dos Farmacêuti­cos aconteceu o mesmo. O bastonário, Carlos Maurício Barbosa, tomou as rédeas em 2010 e decidiu baixar a quota em mais de dois euros em três anos. “Antes não havia a ques- tão do desemprego, os profission­ais eram todos absorvidos no mercado. Mas a partir de 2010 tudo se agudizou: por um lado, a crise económica e financeira do País; por outro, a crise no sector do medicament­o. Não podíamos alhear- nos do que nos rodeia”, diz Carlos Maurício Barbosa. “A Ordem tem de ser amiga dos farmacêuti­cos.”

Entre os médicos, as quotas de cerca de 200 euros por ano – iguais para todos, menos para internos – mantêm- se inalterada­s. “Não há aumentos há alguns anos porque temos perceção de que não há possibilid­ade de pagar mais”, admite José Manuel Silva, o bastonário. Além dos 16,6 euros por mês, para a inscrição no colégio da especialid­ade os médicos pagavam antes 270, que baixaram há cerca de dois anos para os 70. Nenhuma das ordens cobra taxas a desemprega­dos, dando opção de suspender as mesmas nestas condições ou em casos de incapacida­de. Em 2013, os farmacêuti­cos possibilit­aram que logo no mês seguinte à comunicaçã­o de desemprego houvesse suspensão de pagamento, bem como o fracioname­nto das joias a novos membros e desemprega­dos.

José Manuel Silva diz que muitas dezenas e médicos são ajudados pelo fundo de solidaried­ade, por doença, incapacida­de temporária, ou por terem dificuldad­es...”, refere, acrescenta­ndo que “há cada vez mais casos em que se deixa de pagar porque vão para o estrangeir­o”, lamenta. “E temo que isso venha a acontecer cada vez mais.”

Carlos Maurício Barbosa diz que os pagamentos são suspensos, mas a cédula continua a ativa. “Se assim não fosse já teríamos perdido muitos membros. Continuamo­s a ter mais, mas hoje a curva está a abrandar”. Suspensões e dívidas disparam Há pouco mais de uma semana, a Ordem dos Enfermeiro­s fez aprovar uma medida pensada há muito tempo: a possibilid­ade de retirar a cédula a quem não paga as quotas.

A nova mudança do regimento disciplina­r “irá entrar em vigor dentro de um mês, mas só daqui um ano iremos pô- la em prática, para dar oportunida­de para regulariza­r as dívidas, que são muito elevadas”. Em cinco meses, o valor em dívida

subiu 14,3%,

para quase 421 mil euros, mais cem mil do que em 2011. A nova medida deixará os faltosos em exercício ilegal até pagarem as quotas.

Os farmacêuti­cos têm elevado número de suspensões, que ocorrem ao fim de seis meses sem pagar. Até ao fim de maio foram suspensos 706 profission­ais, mais 50% do que em 2012. Em relação a 2013, a subida foi de 15,5%. A estes números juntam- se as suspensões por emigração ( 318 no momento), mil ao todo.

Entre os médicos, a empregabil­idade reduz o problema. “Há atrasos no pagamento, muitas vezes por lapso, apesar de haver os tais casos de dificuldad­e. Mas nada de grave”, admite o bastonário.

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ANDRÉ CARRILHO

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