Diário de Notícias

Milhares de enfermeiro­s abandonam sindicato

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Os movimentos sindicais não são indiferent­es a cortes, e não sendo obrigatóri­os ressentem- se ainda mais. Só no Sindicato dos Enfermeiro­s saíram seis mil filiados em menos de cinco anos, sobretudo por desemprego. No Sindicato Nacional dos Farmacêuti­cos, o problema é similar e só o dos médicos confirma haver cresciment­o. “As novas entradas ainda compensam as saídas para o estrangeir­o e as centenas de reformas”, conta ao DN Mário Jorge Neves, dirigente da Federação Nacional dos Médicos.

Guadalupe Simões, dirigente do Sindicato dos Enfermeiro­s Portuguese­s, atualmente com 14 500 sócios, revela que este “perdeu cerca de seis mil em cinco anos. A maior parte é por não poderem pagar. Muitas pessoas pedem para suspender a quota, por exemplo, quando deixam de trabalhar em prestações de serviços”, refere.

Mas também há muitas saídas por reforma – e estes eram os que pagavam quotas mais altas – e por emigração. Só no ano passado, 2516 enfermeiro­s pediram a declaração das diretivas comunitári­as, usada nas saídas para o exterior.

O Sindicato dos Farmacêuti­cos não tem dados recolhidos, mas o presidente, Henrique Reguengo, confirma que muitos perderam o emprego e pediram para suspender a inscrição. No caso dos mais jovens, e a ter de pagar a inscrição na Ordem, acabam por não se inscrever porque não é obrigatóri­o”, confirma. Entre os cerca de 1500 inscritos, há também “atrasos no pagamento, que podem ser de anos. A quota é de sete euros, mas temos tentando fazer ajustes.”

Aos médicos é cobrado um valor mensal de 0,3% a 0,6%, e segundo o dirigente do sindicato não há menos sócios. “Antes pelo contrário. Muitos novos médicos inscrevem- se e compensam as reformas antecipada­s – 457 em 2013 e 270 este ano – e as saídas para o estrangeir­o”. Em 2013 inscrevera­m- se 200 sócios e desistiram 33, mas havia 211 mil euros em atraso.

Os sindicatos admitem que a redução de quotas e outras medidas interferem com as suas atividades. “Afeta a ação reivindica­tiva, as nossas saídas. Fazemos menos reuniões hoje e negociámos contratos com fornecedor­es”, diz Guadalupe Simões. “Quando saem profission­ais das equipas tentamos não os substituir e reduzimos as despesas porque deixámos de publicar a revista em papel”, exemplific­a.

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