Diário de Notícias

Os amantes do ‘ gin’: do clássico à nova vaga

Para cada português haverá um à medida: mais ou menos frutado, cítrico, floral ou seco. A moda está aí e já há um dia nacional

- J OANA C A P UCHO

Primeiro renderam- se os espanhóis, depois os portuguese­s. Fala- se já de uma febre ibérica do gin. A sua versatilid­ade faz certamente parte da fórmula do sucesso. Para cada pessoa haverá um gin: mais ou menos frutado, cítrico, floral ou seco, este último o clássico e o que durante anos tomou conta do mercado. Mas mudam- se os tempos, mudam- se os hábitos. E, hoje, o gin até adquiriu um carácter social: há quem defenda que há um certo desafio à partilha daquele copo de balão. Os portuguese­s deixaram- se conquistar de tal forma que a comunidade Gin Lovers instituiu o 21 de junho como o Dia Nacional do Gin. A nível mundial este dia é celebrado já no próximo sábado, a 14.

Trata- se de uma bebida destilada feita a partir de cereais, como o milho, o trigo e a cevada, e com um elemento obrigatóri­o: o zimbro. As botânicas dão- lhe os diferentes sabores. “Há cinco ou seis anos deu- se o boom dos gins com sabores em Espanha, explosão que aconteceu em Portugal só há dois anos e meio”, diz ao DN Miguel Somsen, jornalista e um dos sócios do Gin Lovers. O gin está longe de ser uma bebida da atualidade, “mas deixou- se envelhecer.” A revolução viria a acontecer “com o Hendrix, o primeiro gin com sabor, e depois começaram a aparecer novas marcas na Europa e nos Estados Unidos. Os espanhóis agarraram no gin de uma forma incrível.” E mais tarde os portuguese­s. O que mudou, diz Miguel Somsen, foi o tra- tamento dado à bebida, “até então entregue a barmans que não sabiam o que fazer.” O segredo “são as medidas: uma parte de gin, quatro de tónica”. O copo deve ser o mais aberto possível e bem gelado. E os portuguese­s estão cada vez mais exigentes: “Recusam um mau gin.” O interesse é tal que já existem quatro marcas nacionais – Big Boss, Nao, Templus e Sharish – e um site, uma aplicação para telemóvel e uma revista, três criações dos Gin Lovers. “O gin tónico veio para ficar, tal como a vodka há 20 anos. Há uma cultura muito forte da bebida, há febre, as pessoas estão a descobrir uma coisa nova”, diz o entusiasta.

O primeiro gin premium totalmente destilado e produzido em Portugal – o Big Boss – está, neste momento, a ser exportado para países como Bélgica, Suíça, Japão, Austrália, Brasil e Angola. “É um gin muito agradável, fresco e floral. É muito versátil em termos de preparação”, explica Paulo Pereira, o diretor comercial da marca. O gin é submetido a quatro destilaçõe­s artesanais e a sua fórmula conta com onze botânicos.

No dia em que se comemora o Dia Nacional do Gin, o Mare Restaurant­e & Gin Bare festeja um ano de existência. Mera coincidênc­ia. Há muitos anos apreciador de gin, o proprietár­io, João Real, começou a trabalhar a sério com a bebida já lá vão três anos e, apercebend­o- se do seu potencial, dedicou- lhe um espaço na praia da Vagueira. “Trabalho nesta área há 16 anos e nunca vi um movimento tão forte à volta de uma bebida como agora”, conta.

Se antes o gin era bebido simples ou com água tónica ( cuja composição tem quinino), para refrescar a sede ou até para ajudar a combater a malária, hoje esta versão clássica está a cair em desuso. E há bares que chegam a ter 70 marcas de gin para oferecer aos clientes, como o Mare. Para João Real, empresário da noite, o segredo é “keep it simple”. Importa conhecer o gin, “saber os botânicos que tem e trabalhá- los. O objetivo de adicionar um botânico ou uma erva é realçar os sabores.” O empresário deixa três sugestões ao DN, para acompanhar uma entrada, um prato principal e uma sobremesa.

Bebida adquiriu

cariz social: a disputa pelo copo de balão

Dica: para acompanhar uma entrada, como camarão ao alho ou amêijoas.

Preparação: encher o copo de boca larga com gelo. Mexer com uma colher para arrefecer o copo. Retirar a água. Cortar três lascas finas de maçã- bravo- de- esmolfe. Passar a maçã no bordo do copo antes de a colocar no copo. Adicionar uma medida de gin Sharish ( 5 cl) e uma tónica ( 20 cl), sobre o gelo ou sobre a colher para que perca a menor quantidade de gás possível. A sugestão de João Real é uma Fever Tree Mediterran­ean.

SIPSMITH

Dica: para acompanhar um naco na pedra

Preparação: encher o copo de boca larga com gelo. Mexer com uma colher para arrefecer o copo. Retirar a água. Cortar um pouco de casca da laranja sem ir ao branco e espremê- la para o copo, para que liberte os óleos. Adicionar duas ou três sementes de cardamomo espremidas. Adicionar uma medida de gin Sipsmith ( 5 cl) e uma tónica ( 20 cl), sobre o gelo ou sobre a colher para que perca a menor quantidade de gás possível. A sugestão de João Real é uma Fever Tree Indian.

BROCKMANS

Dica: para acompanhar uma sobremesa

Preparação: encher o copo de boca larga com gelo. Mexer com uma colher para arrefecer o copo. Retirar a água. Pôr frutos vermelhos numa taça. Se pretender, pode caramelizá- los com um maçarico, adicionand­o açúcar. Meta os frutos no copo, adicione uma medida de gin Brockmans ( 5 cl) e uma tónica ( 20 cl). João Real sugere uma Fever Tree Mediterran­ean. Pode adicionar aromatizan­te de frutos vermelhos.

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