Diário de Notícias

Juiz iliba condutor que recusou fazer teste de álcool

Jovem de 25 anos fez um primeiro teste que deu positivo mas recusou percorrer mais 22 quilómetro­s para confirmar o resultado

- F I L I PA A MBRÓSIO DE S OUSA

O Tribunal da Relação de Évora absolveu um condutor com álcool no sangue pelo crime de desobediên­cia depois de este ter sido condenado por se ter recusado a deslocar- se 22 quilómetro­s para confirmar o teste de alcoolímet­ro. O arguido, em 1. ª instância, defendeu que não tinha a obrigação de se deslocar a outro posto da GNR só porque o primeiro onde esteve não tinha o aparelho em condições.

Os juízes desembarga­dores acabaram por lhe dar razão, numa decisão datada de março, contrarian­do os colegas da primeira instância. “Sobre o cidadão é que não recai o dever de andar a calcorrear os postos ou esquadras à procura de aparelhos disponívei­s e/ ou calibrados” refere o acórdão dos desembarga­dores de Évora, a que o DN teve acesso.

Os factos remontam a 1 de maio do ano passado. O condutor, de 25 anos, foi mandado parar, por volta das duas da manhã, pela GNR em Montemor- o- Novo, e realizou um teste de álcool, que deu positivo. Foi- lhe pedido para ir ao posto local para fazer o exame no alcoolímet­ro quantitati­vo que emite o talão com a taxa. Lá chegado, foi informado de que o aparelho estava para calibração e que teria de ir ao posto da GNR de Vendas Novas, onde estava o alcoolímet­ro quantitati­vo mais próximo.

Percurso que o arguido se recusou a fazer, alegando não estar le- galmente obrigado a tal. E, por isso, foi condenado em primeira instância pelo crime de desobediên­cia a 350 euros de multa e proibição de conduzir por três meses e 15 dias.

Porém, os desembarga­dores de Évora considerar­am que “não é a justificaç­ão do arguido – o não querer deslocar- se a outro posto – que sofre de falta de fundamento legal, mas sim a sua manutenção em detenção além do razoável, contrarian­do os seus direitos constituci­onal e convencion­almente garanti- dos, designadam­ente, a sua liberdade”, explicaram os magistrado­s de segunda instância.

A Relação de Évora vem dizer que “se o [ alcoolímet­ro] estava para calibração, outro se impunha ali [ Montemor- o- Novo] colocar. Não é dever do cidadão se deslocar para além da localidade onde um provável ilícito foi praticado. Antes [ é] dever de a Administra­ção estadual assegurar os meios de cumpriment­o da sua própria Lei com o mínimo de sacrifício do cidadão”, diz o mesmo documento. A decisão revela ainda que ficou por provar que “o arguido se tenha recusado a ser submetido ao teste quantitati­vo, apesar de advertido de que tal conduta o fazia incorrer na prática de um crime de desobediên­cia, que a sua conduta é proibida por lei e que o arguido o soubesse e que o arguido tinha o dever de se deslocar ao posto territoria­l de Vendas Novas para efetuar o teste”.

Aumento de casos

O número de condutores sujeitos a teste de alcoolemia por parte das autoridade­s policiais praticamen­te duplicou entre 2009 e 2013. Segundo dados da Autoridade Nacional para a Segurança Rodoviária, em 2013 foram fiscalizad­os quase 1,6 milhões de condutores. Já em 2009, o número não passou dos 850 mil. No total, foram detetados 36 902 infratores em 2009 e 53 593 em 2013. Só no Distrito Judicial de Lisboa, foram registados no ano passado 12 749 inquéritos por infrações rodoviária­s. Os corpos do casal alemão, que se encontrava desapareci­do desde quarta- feira, foram encontrado­s ao início da noite de ontem pela Polícia de Segurança Pública e as corporaçõe­s de Bombeiros Voluntário­s Madeirense­s ( BVM) e Bombeiros Municipais do Funchal ( BMF). A ação de resgate prolongou- se por várias horas, já que os corpos dos alemães, ambos com 68 anos, foram encontrado­s ao fundo de uma ravina, cem metros abaixo da vereda entre o Curral dos Romeiros e o Bom Sucesso.

De acordo com o subchefe Pinto dos BVM, o alerta do desapareci­mento dos turistas só foi recebido ontem por volta das 15.00. “De imediato fomos para o local”, disse ao DN. Sabe- se que os turistas informaram o hotel na passada quarta- feira que iriam fazer um passeio ao Monte, zona alta do Funchal, um dos locais mais turísticos e que oferece vários percursos a pé. Na quinta- feira as empregadas da unidade hoteleira terão dado o alerta. A investigaç­ão ficou por conta da PSP que ontem não tinha nenhum porta- voz que explicasse as razões porque só agora foram iniciadas as buscas na Levada dos Piornais.

Os cadáveres foram detetados bem longe deste local. Segundo o subchefe Pinto da BVM o casal terá percorrido uma outra levada – ca-

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SÉRGIO FREITAS/ GLOBAL IMAGENS Primeiro aparelho utilizado pela GNR não tinha forma de saber qual o valor- taxa

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