Diário de Notícias

Lisboa celebra sotaques dos seus habitantes com festival da lusofonia

Brasileiro­s são a maior comunidade estrangeir­a e estão dispersos pela capital. Naturais dos PALOP concentram- se na periferia

- I NÊS B A NHA

Imigrantes dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa ( PALOP) concentram- se sobretudo nas freguesias periférica­s de Lisboa, como Santa Clara ( antigas Ameixoeira e Charneca), Carnide e Marvila. Brasileiro­s, mais dispersos pela capital, constituem a maioria dos estrangeir­os em áreas como Benfica e São Domingos de Benfica. A distribuiç­ão, relativa a 2011, os sotaques e as nacionalid­ades vão perder importânci­a de 20 a 25 deste mês, período em que toda a cidade será palco do primeiro Festival da Lusofonia de Lisboa. A programaçã­o inclui degustaçõe­s gastronómi­cas e sessões de música e dança.

O desafio partiu da Conexão Lusófona, uma organizaçã­o de jovens unidos pelo idioma de Camões que pretende criar um sentimento generaliza­do de pertença à comunidade de língua portuguesa. Porque não, recordou Helderyse Rendall, responsáve­l pela área de cultura, organizar um festival que levasse as associaçõe­s de migrantes de Lis-

Cante alentejano será uma das artes em destaque boa “a abrir as portas umas às outras” e que, “ao mesmo tempo”, permitisse aos lisboetas descobrir um “circuito lusófono” na capital?

O repto foi aceite pela Câmara Municipal de Lisboa, que, garantiu ontem o vereador das Relações Internacio­nais, estava já em conver- sações com a União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa ( UCCLA) para encontrar uma forma de “reforçar” e divulgar o trabalho efetuado pela organizaçã­o. “Foi um feliz contacto [ da Conexão Lusófona]”, reconheceu perante os representa­ntes das 16 associaçõe­s que darão forma ao programa de um festival que o secretário- geral da UCCLA, Vítor Ramalho, considera “embrionári­o” e que, “para o ano”, será “muito maior” que hoje.

A partida é dada a 20 deste mês, dia em que se celebra a Restauraçã­o da Independên­cia de Timor. A efeméride é assinalada na Biblioteca por Timor com a inauguraçã­o da exposição 500 Anos da Chegada dos Portuguese­s a Timor e a realização de recital de poesia e música timorense. Dois dias depois, é a vez de a morna ser protagonis­ta num evento – a cargo da Associação Caboverdea­na – que promete demonstrar o porquê de o género musical ser candidato a Património Cultural Imaterial da Humanidade e se arriscar a engrossar a lista das artes lusófonas distinguid­as pela UNESCO. Estarão todas, incluindo o cante alentejano, em destaque, a 21, na Festa de Diversidad­e agendada para a Casa do Alentejo. Já o Clube Ferroviári­o de Portugal recebe a Celebração do Dia de África, assinalado a 25, mas, ali, festejado entre as 17.00 de 23 e as 04.00 de 24.

Além do coração, o primeiro Festival da Lusofonia de Lisboa – cidade que, em 2011, tinha quase 32 mil imigrantes, mais de dez mil dos quais brasileiro­s – deverá ainda aquecer o estômago, com mostras gastronómi­cas dos países e regiões representa­dos. A sua história será ainda contada através de ciclos de cinema e de uma exposição de banda desenhada lusófonos.

A programaçã­o completa está em www. cm- lisboa. pt e a intenção é que, no futuro, os curiosos não deixem de voltar aos locais que agora têm um pretexto para conhecer. “Não abrem apenas para o festival. Estão abertos em permanênci­a”, sublinhou Carlos Castro.

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