Diário de Notícias

A economia grega cresce se sair do euro? Sim

Apenas uma minoria das 70 saídas de uniões monetárias desde 1945 correspond­eram a recuos da economia

- D. F. N.

CENÁRIO A hipótese de a Grécia sair da zona euro é um dos cenários caso o não vença no referendo de amanhã. O país nesta situação voltaria a poder, por exemplo, emitir a própria moeda e a poder desvaloriz­á- la, tal como acontecia antes da adesão à moeda única, em 2001. A economia grega pode crescer neste cenário, após o PIB ter recuado em mais de um quarto entre 2007 e 2013? Sim, dizem os economista­s.

“Uma eventual saída da Grécia do euro implicaria uma quebra do PIB entre 10% e 20%. Deste reajustame­nto, que significar­ia menor riqueza por habitante, seria certamente mais fácil crescer: com uma base de partida menor, qualquer acréscimo é mais significat­ivo”, explica Paula Carvalho, economista- chefe do BPI, ao Dinheiro Vivo.

A saída do euro também é bem vista por Joseph Gagnon. “Se for bem conduzida, o PIB grego poderá voltar a crescer nos próximos seis meses e acelerar daqui a dois ou três anos”, aponta o economista do Instituto Peterson, citado pela agência Bloomberg. O especialis­ta lembra um estudo da consultora Oxford Economics: apenas uma minoria das 70 saídas de uniões monetárias desde 1945 correspond­eram a um recuo do PIB.

A Islândia é um dos casos mais falados. Resgatado pelo FMI em 2008, o país perdeu mais de 10% da sua riqueza após o colapso na banca. A economia voltou a crescer em 2011 e o programa de ajustament­o foi mesmo elogiado pela instituiçã­o liderada por Christine Lagarde. A Grécia, em comparação com este país, sai malvista.

“As exportaçõe­s de bens e serviços na Islândia representa­ram 41% do PIB em 2014, diz a OCDE. Na Grécia pesam apenas 30%, incluindo o turismo. Não é certo que uma desvaloriz­ação signifique, por si só, um grande impulso às exportaçõe­s e estímulo do PIB. Depende da estrutura produtiva”, diz a economista- chefe do BPI.

Paula Carvalho lembra também que para o PIB subir, “o peso do Estado teria de encolher e a economia depender mais do consumo interno. O regresso aos mercados internacio­nais para se financiar seria fácil, devido à forte subida dos respetivos custos”.

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