Empresas do Norte são exemplo que Namíbia quer aproveitar
Investimento. País africano abriu consulado no Porto para fomentar trocas comerciais com Portugal. Empresário angolano Hortêncio Simaria da Silva é o cônsul honorário
Mais de cinco séculos depois de os navegadores portugueses Diogo Cão ( 1485) e Bartolomeu Dias ( 1487) terem aportado em Walvis Bay, naquela que é hoje a principal cidade portuária do país, Namíbia e Portugal querem voltar a descobrir- se. Para reforçar esse objetivo, a república africana abriu, na cidade do Porto, o segundo consulado honorário no nosso país.
Apesar de as relações comerciais entre os dois países ainda estarem a dar os primeiros passos, a Namíbia apresenta fortes níveis de crescimento ( da ordem dos 5% do PIB ao ano) e inflação estável, o que, conjugado com a vizinhança com Angola e também com a abertura ao investimento estrangeiro, através de um regime fiscal atrativo para as empresas, justifica a oportunidade para a abertura de um consulado fora de Lisboa.
“O governo namibiano tem o compromisso de intensificar as relações bilaterais com Portugal, em particular através do contacto entre empresários dos dois países. Há que acrescentar valor à nossa indústria extrativa, à agricultura ou ao turismo e nesse sentido as trocas comerciais e o investimento são fundamentais para que dentro de 50 anos sejamos um país industrializado. Devido à vitalidade do tecido empresarial do distrito do Porto e da região norte, achamos muito importante para o desenvolvimento das relações entre os dois países abrir o nosso segundo consulado em Portugal, depois de já o termos feito em Lisboa”, defendeu a vice- primeira- ministra e ministra das Relações Internacionais, Netumbo Nandi- Ndaitwah, acrescentando a importância que cada vez mais o seu país dá à língua portuguesa: “Temos o estatuto de membro observador da Comunidade de Países de Língua Oficial Portuguesa e já ensinamos Português como língua estrangeira em 14 escolas a quase dois mil alunos, pelo que não se devem preocupar com problemas de comunicação quando visitarem o nosso país.”
A representante do governo de Windhoek esteve na inauguração do edifício do consulado no Porto, na Avenida Marechal Gomes da Costa, numa cerimónia que contou com a presença da embaixadora da República da Namíbia para Portugal, Frieda Nangula Ithete, e do presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, bem como de muitas dezenas de empresários e diplomatas.
O empresário angolano Hortêncio Simaria da Silva é o cônsul honorário no Porto e f oi distinguido pela vice- primeira- ministra namibiana pelo papel fundamental que tem tido na economia do país, em particular com a instalação do Banco Privado Atlântico, com sede em Portugal e ope- rações em Angola, que em julho de 2014 obteve licença para operar na Namíbia.
“A abertura deste consulado é um marco importante na evolução das relações entre os dois países”, declara Simaria da Silva, acrescentando a convicção das vantagens económicas para empresas, mas também em termos académicos e diplomáticos que o consulado representa.
Com uma economia assente nos serviços ( cerca de 60%), a Namíbia tem como atividades com peso relevante na sua economia o setor de extração mineira, a pesca, a pecuária, a metalurgia, o agroalimentar e cada vez mais o turismo. Apesar de ser o segundo país do mundo com menor densidade populacional ( pouco mais de dois milhões de habitantes para uma área de 825 mil quilómetros quadrados, boa parte ocupada por deserto), a antiga colónia germânica, ocupada pela vizinha África do Sul até 1990, conta com modernas infraestruturas rodoviárias, portuárias e de telecomunicações, sendo também dos países africanos com o PIB per capita mais elevado.