Diário de Notícias

Aprovado registo de abusadores sexuais que impede acesso de pais

APROVAÇÃO Maioria parlamenta­r viabilizou uma alteração que criou o registo de identifica­ção criminal de condenados por abusos sexuais

- F. A. S. com Lusa

A maioria PSD- CDS- PP aprovou ontem na Assembleia da República a versão final do registo de identifica­ção criminal de condenados por abusos sexuais de menores, vedando totalmente o acesso dos pais à identidade desses condenados.

O diploma estabelece que as pessoas que exerçam responsabi­lidades parentais relativas a menores de 16 anos e tenham um “fundado receio” de que alguém abusa sexualment­e de menores podem pedir à polícia que averigue os factos que fundamente­m esse receio, sem que alguma vez lhes seja fornecido a identidade ou morada da pessoa incluída nesse registo. A maioria PSD e CDS- PP avocou a alteração ao plenário e começou por não a apresentar, como é costume nestes casos, mas a oposição tomou a palavra e o PS, através de Isabel Oneto, acusou a maioria de estar “a tirar o tapete à ministra da Justiça”, Paula Teixeira da Cruz, com esta alteração. Deputados da maioria acabaram por intervir e Telmo Correia, do CDS- PP, referiu que as alterações se destinam a atender a “questões de constituci­onalidade”. Toda a oposição continuou a criticar o diploma, com o PCP a dizer que o clima de suspeição, de alarme e vigilância­s sociais é até agravado com esta alteração.

“Os cidadãos que exerçam responsabi­lidades parentais sobre menor até aos 16 anos, alegando situação concreta que justifique um fundado receio que na área de residência ou na área em que o menor frequenta atividades paraescola­res ou nas imediações do estabeleci­mento de ensino frequentad­o pelo menor resida, trabalhe ou circule habitualme­nte pessoa que conste do registo, podem requerer à autoridade policial da área da sua residência a confirmaçã­o e averiguaçã­o dos factos que fundamente­m esse fundado receio sem que lhe seja facultado, em caso algum, o acesso à identidade e morada da ( s)) pessoa ( s)) inscrita ( s)) nos registos”, lê- se na alteração. Tanto a mudança como toda a iniciativa legislativ­a ( em votação final global) foram aprovadas com os votos favoráveis de PSD e CDS- PP e os votos contra de toda a oposição.

“Deixam cair o acesso dos pais à lista de modo encapotado”, apontou Luís Fazenda, do Bloco de Esquerda, que manteve as críticas à proposta. A deputada do PSD Teresa Leal Coelho disse que esta alteração vai “no sentido do que os partidos da oposição têm vindo a defender” e está “em linha com o defendido pela ministra da Justiça na Assembleia da República”.

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