Podemos dividido abre primárias para legislativas
Espanha. Pablo Iglesias desenhou um processo interno à sua medida e enfrenta críticas
A cada dia que passa, o Podemos revela- se um partido menos democrático e dividido. O regulamento das suas primárias, que começaram ontem e acabam dia 24, é alvo de muitas críticas internas. Desenhado pela atual direção do partido, liderado por Pablo Iglesias, permite que a lista por ele apresentada seja a mais votada e também que seja o próprio Iglesias a escolher a dedo os membros que integrarão a Comissão Eleitoral. Assim, o Podemos desenhou umas eleições primárias que garantem à partida o triunfo de Iglesias.
O sistema escolhido diminui as possibilidades de outras candidaturas quando o Podemos nasceu como um partido que queria dar poder aos cidadãos face à elite política dominante. A principal crítica ao processo é a possibilidade de escolher equipas fechadas com só um “click” no computador. Este mecanismo facilita as candidaturas mais mediáticas. Também está a ser rejeitada a formação da candidatura ao Congresso, que estabelece que exista uma única circunscrição a nível estatal, em vez de permitir que cada província escolha em votações diferentes os seus candidatos. Mas a direção defende que este é o único método eficaz para chegar às eleições legislativas do final deste ano com uma candidatura unida e pede generosidade.
A primeira vítima desta guerra interna foi a secretária- geral do Podemos- Córdoba, Juana Guerrero, que apresentou quarta- feira a sua demissão por estar afastada da linha de atuação do atual Conselho Cidadão Municipal. Mas também os barões territoriais como os de Madrid, Andaluzia, Aragão ou Astúrias se mostraram preocupados com a vontade do líder do Podemos em controlar o processo. Inclusivamente, a líder da formação na Andaluzia, Teresa Rodríguez, votou contra a ideia de primárias com circunscrição única. E até aquele que chegou a ser a mão direita de Pablo Iglesias e fundador do partido, Juan Carlos Monedero, pôs em causa a eficácia do sistema e a sua capacidade para unificar sensibilidades dentro do mesmo.
E enquanto decorre este processo no Podemos, no Ciudadanos, outro partido em ascensão, soube- se que Albert Rivera será o candidato do partido às legislativas. Tal como era previsível, mais nenhum militante conseguiu juntar os apoios necessários ( 509) para concorrer às primárias. Desta forma, o atual presidente do Ciudadanos foi autoproclamado candidato do partido a primeiro- ministro.
Entretanto, o Partido Popular, formação no poder a braços com um escândalo de corrupção, publicou no seu site, pela primeira vez, as suas contas na íntegra, relativas ao ano passado, depois de enviadas ao Tribunal de Contas. Com a nova lei de financiamento dos partidos políticos este passo será obrigatório para todos, mas só a partir do atual exercício. Em 2014, o PP teve 58 284 686 euros em subvenções da administração pública.