Diário de Notícias

“Sou muito serena, muito pequena em tudo o que faço”

Está à espera de visto para ir trabalhar com John Malkovich nos EUA. Por estes dias a atriz Victoria Guerra protagoniz­a Amor Impossível. Já fez novelas, diz que em cinema funciona melhor

- Rui Pedro Tendinha POR

Aatriz do momento do cinema português é uma das protagonis­tas de Amor Impossível. Victoria Guerra, aos 26 anos, depois de algumas curtas- metragens e personagen­s secundária­s em filmes nacionais e internacio­nais, tem agora o papel mais forte da sua carreira. Hollywood pode vir já a seguir. O último filme que fez foi, Cosmos, do polaco Andrzej Zulawski. Agora, regresso a um cineasta português, António- Pedro Vasconcelo­s... É completame­nte diferente! Apetece dizer como os Monty Python: “E agora para algo completame­nte diferente!” Mas é que é mesmo! Isso é que é a grande dádiva do cinema: podermos fazer coisas completame­nte diferent es. É muito f i xe para um ator poder trabalhar com gente tão diferente. Tenho recebido propostas realmente diversas e isso obriga- me a pôr a cabeça a trabalhar. Muda muito no grande ecrã. A Victoria Guerra que aparece nas telenovela­s não é a mesma do grande ecrã... Não sei... Sou muito serena, muito pequena em tudo o que faço. Portanto, no cinema funciono melhor. Por outro lado, não quero estar muito a dizer isto... Pode ser depreciati­vo para os trabalhos televisivo­s. Fiz uma novela com a Maria João Luís e depois fizemos uma cena em cinema. No final, ela disse- me: em cinema ficas muito diferente. Sente- se aqui nos bastidores das filmagens que está muito entusiasma­da. É a personagem? Esta personagem está a dar- me muito gozo! É uma loucura! Todos os dias percebo coisas diferentes... É uma daquelas miúdas do interior de Portugal que pensa demasiado. A Cristina lê imenso e acaba por viver noutro mundo. Não vive no mundo real nem quer! E essa é a essência da personagem cujo espectador percebe logo no começo que está desapareci­da. A história está contada de uma forma muito engraçada. Basicament­e, cruza duas histórias de dois casais através da leitura do meu diário que a polícia, interpreta­da pela Soraia Chaves, descobre. Eé o diário que mostra a vida da minha personagem, uma rapariga muito intensa que está a viver uma paixão louca levada ao extremo. Aliás, ela é levado ao extremo. Esta não é uma história de violência doméstica. A Victoria tem 26 anos e a personagem tem 19... Há aqui também esse desafio... Eu gosto desses desafios e chamam- me sempre para fazer de miúda. Sinto que isso é muito bom. Vou lembrando- me de coisas da minha juventude, as minhas memórias de miúda. Lembro- me de como vivia os sentimento­s nessa minha fase. É um tempo da tua vida em que a inten- sidade era outra e que pensas que o amor vai durar para sempre! A Cristina claro que acha que o amor é para sempre. A partir de uma certa idade, deixamos todos de ser tão românticos. Em Linhas de Wellington, de Valeria Sarmiento, a minha personagem tinha 17 anos! Mas o que gosto nesta personagem é que ela não é propriamen­te boazinha ou uma fofinha que se torna vítima. O que se passa com o projeto americano que vai fazer com John Malkovich? Fui convidada e estou agora a tratar do visto. Se não conseguir o visto profission­al não vou poder fazer o filme. Estamos a tratar do visto mas é muito difícil. Logo quando me convidaram, há dois meses, começaram a tratar do visto, caso contrário... É curioso: para se trabalhar nos EUA temos de ser famosos, mas, por outro lado, para sermos famosos temos de trabalhar lá... Essas foram as palavras do Malkovich. Era tão bom poder fazer este projeto!

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às “memórias de miúda”
A atriz de 26 anos vai fazer personagem de 17. Um desafio a que já está habituada e que a faz voltar às “memórias de miúda”

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