Diário de Notícias

MTN. A primeira equipa africana a participar na Volta à França

Dois dos nove elementos que compõem a equipa são eritreus. Objetivo é vencer uma etapa e conquistar um prémio de montanha

- NUNO F E R NANDES

A Volta à França em bicicleta, que parte hoje de Utrecht, na Holanda, tem pela primeira vez na sua história de mais de cem anos uma equipa africana entre o pelotão. A MTN- Qhubeka, da África do Sul, foi convidada pela organizaçã­o através de um wildcard a participar na 102. ª edição da prova mais importante do calendário de ciclismo e integra também os dois primeiros corredores negros nascidos em África que vão ter a oportunida­de de se estrear no Tour.

A equipa é composta por nove elementos, mas apenas dois são negros ( existe um terceiro, mas é reserva) e ambos eritreus – Daniel Teklehaima­not e Merhawi Kudus. O restante pelotão é composto por três sul- africanos, um norueguês, um britânico, um norte- americano e um belga.

Muitas das expectativ­as recaem em Daniel Teklehaima­not, que se sagrou o rei da montanha na recente edição do Critério do Dauphiné ( prova de oito dias que serve de preparação para a Volta à França), conquistan­do a primeira distinção da MTN- Qhubeka numa prova de ciclismo internacio­nal. Curiosamen­te, será o ciclista eritreu de 26 anos o primeiro dos 198 corredores a partir hoje no contrarrel­ógio em Utrecht, marcado para as 13.00 portuguesa­s.

“Este Tour será fantástico para a nossa equipa e para a Eritreia. Vamos abrir a porta do ciclismo mundial aos africanos e mostrar que existem ciclistas de enorme potencial, como é o caso de Teklehaima­not, que mostrou todo o seu valor na Dauphiné”, refer i u Douglas Ryder, o diretor da equipa.

O objetivo da MTN- Qhubeka nesta Volta à França passa, de acordo com o manager da equipa, por “tentar conseguir vencer uma das etapas e conquistar um prémio de montanha”: “Vamos ser realistas. Não estamos aqui com uma equipa para combater com os velocistas ou tentar ser líderes da classifica­ção geral. Mas vamos tentar aproveitar as oportunida­des e deixar a nossa marca. Para estes atletas, já é um sonho poderem estar presentes na maior competição mundial de ciclismo. Agora é desfrutar.” Pedalar por uma causa Para o responsáve­l da equipa, a edição deste ano da Volta à França servirá essencialm­ente para ganhar experiênci­a, pois o conjunto patrocinad­o pela operadora telefónica sul- africana já definiu metas para o futuro: “Não ficaria surpreso se nos próximos três anos visse um ciclista negro no pódio de uma grande Volta [ Giro, Vuelta ou Tour]. Honestamen­te acredito nisso. E neste Tour posso prometer que não estamos aqui só para fazer número.”

Além do lado desportivo, a MTN- Qhubeka vai correr nas estradas francesas por uma causa: tentar sensibiliz­ar as pessoas e recolher apoios para a campanha BicyclesCh­angeLives, que consiste em oferecer bicicletas a miúdos sul- africanos que são obrigados a percorrer diariament­e mais de seis quilómetro­s a pé para se deslocarem para as respetivas escolas. “É um projeto aliciante da fundação Qhubeka. Acreditem que uma bicicleta de 150 euros pode realmente mudar uma vida em África”, assinalou o manager Jens Zemke.

Um dos momentos altos da participaç­ão da MTN- Qhubeka na Volta à França será durante a 14. ª etapa ( uma ligação de 178,5 quilómetro­s entre Rodez e Mende), a 18 deste mês, dia em que os ciclistas vão usar nas costas das camisolas as cores da Nação Arco- Íris para assinalar o dia do nascimento de Nelson Mandela, ex- presidente da África do Sul que morreu em dezembro de 2013.

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