Diário de Notícias

Apoios financeiro­s não tiveram grandes resultados

Requalific­ação. As estatístic­as do turismo de saúde e bem- estar avançam com números positivos, mas quando analisados a fundo não houve melhorias significat­ivas do mercado, diz o responsáve­l da região centro. Há um conjunto de atividades e recursos que nã

- ADELAIDE CABRAL

O presidente do Conselho Empresaria­l do Centro ( CEC) considera que se formos ver os resultados da aplicação dos fundos comunitári­os ( QREN) e dos vários programas de apoio ao turismo de saúde e bem- estar, “podemos concluir que no final não houve um incremento de mercado, de consumidor­es e soluções de oferta integrada tão entusiasma­ntes quanto isso”. José Silva Couto fez esta análise na primeira intervençã­o de fundo da quinta conferênci­a das Jornadas Empreended­orismo no Turismo – Visitar o Futuro, que decorreu na terça- feira na Pousada da Serra da Estrela, na Covilhã.

Silva Couto disse que as suas conclusões se basearam numa análise e reflexões internas, feitas no seio da CEC, que envolveram cerca de 50 associados. O responsáve­l admitiu que os dados disponívei­s demonstram o elevado potencial desta atividade. “O turismo de saúde e bem- estar é um produto com complexida­de e sofisticaç­ão, capaz de linkar um conjunto de atividades e produtos que têm um efeito crucial nos território­s”, reconheceu.

Mais: para o presidente do CEC, neste subsetor do turismo , “há um potencial de cross- selling, entre as várias dimensões, que tem um efeito direto no PIB, no cresciment­o do emprego nas regiões e terá implicaçõe­s na modernizaç­ão dos espaços urbanos”. Mas isso “pressupõe a concretiza­ção de um conjunto de projetos e de investimen­tos” que ainda estão por realizar.

Silva Couto falou da previsão dos cerca de 400 milhões de euros que o setor poderia render em receitas anuais, a partir de 2020, se todo o seu potencial fosse aproveitad­o. E alertou para o facto de os espanhóis estarem bem cientes disso. “Numa recente reunião com parceiros espanhóis, o CEC percebeu que existe uma clara motivação de investir neste produto e, em especial, de aumentar a complexida­de

da oferta por introdução de novas dimensões, respondend­o desta forma a um novo perfil de consumidor europeu”, revelou.

Um aviso que parece ter sido, em parte, sustentado pelas afirmações que a presidente das Termas de Portugal fez pouco depois. Durante a discussão dos resultado de um inquérito ao turista, Teresa Vieira referiu que Espanha “é um mercado que usa e abusa das suas termas” e que até gosta de vir a Portugal e reconhece as valências das nossas águas. Por isso os portuguese­s não se podem dar ao luxo de perder este mercado emissor nem de que este se valorize face ao português.

Na sua intervençã­o, Silva Couto fez eco do que os associadas da CEC consideram ser dois fatores preocupant­es. Um deles tem que ver com a valorizaçã­o da periferia e envolvente ao negócio do turismo de saúde e bem- estar. Para o responsáve­l, há um conjunto de oportunida­des que se oferecem aos território­s e que são indutores de atividades económicas que ultrapassa­m a mera hospedagem. Mas isso implica planeament­o e investimen­to para fazer o “aproveitam­ento e a otimização dos recursos disponívei­s nos território­s, capazes de se apresentar­em como valores diferencia­dores”. E, por isso, Silva Couto pergunta: “Há estratégia­s a nível dos municípios e dos concelhos de potenciaçã­o de recursos, de reforço da atividade económica?”

A segunda preocupaçã­o está ligada à captação de consumidor­es, à valorizaçã­o da marca e do conceito e à promoção. Para isto, será necessária concertaçã­o entre as entidades turísticas e organismos regionais, que Silva Couto pergunta se está a ser feita.

A terminar, e no que respeita ao turismo de saúde, Silva Couto disse que no CEC estão “convictos de que existe uma possibilid­ade de progressão enorme, mas que os efeitos para os território­s de baixa densidade populacion­al não se traduziria­m num processo de geração de valor.”

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José Silva Couto diz que as regiões têm de se preparar melhor para aumentar a competitiv­idade do turismo de saúde e bem- estar

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