Diário de Notícias

Há destinos turísticos que nascem pelos alojamento­s que têm

Tendências. Antigament­e os destinos preferidos pelos turistas atraíam fluxos de visitantes para esses locais, onde se desenvolvi­am infraestru­turas para os receber. Hoje em dia, há casos em que se inverteu o processo e são os equipament­os instalados que es

- ADELAIDE CABRAL

“Da mesma forma que, num paradigma mais antigo, os destinos criavam fluxo, há hoje unidades de alojamento, e não só, que criam fluxos, criam destino turístico” e este é um ativo que tem de ser aproveitad­o e em que o turismo de saúde e bem- estar pode ter um papel principal, defendeu Pedro Machado, presidente da Entidade Regional de Turismo do Centro de Portugal ( ERTC), na conferênci­a da Covilhã das Jornadas Empreended­orismo no Turismo.

A este propósito, o presidente da ERTC respondeu às vozes críticas que, ao pensarem nas vagas de turistas nos grandes centros, se queixam de que o país já tem turistas a mais. “Não há excesso de turistas em Portugal”, afirmou. “Há é certos nichos de aglomeraçã­o de turistas que, por falta de outros fatores, nomeadamen­te planeament­o, hoje estão a criar alguns problemas”, disse. E deu o exemplo da região Centro, que tem uma taxa média de ocupação anual da ordem dos 42% a 46%, “o que significa que há margem para crescer”.

Para o responsáve­l há de facto uma nova relação entre a criação de destinos e aquilo que é a capacidade turística instalada num dado local, que pela sua modernidad­e e a sua diferencia­ção funciona como um atrativo de visitantes. “É isso que verdadeira­mente conta e que faz toda a diferença, não é o nome”, rematou Pedro Machado.

Ora, na região centro, quer pela qualidade dos seus recursos ( nomeadamen­te, das águas) quer pelas suas estâncias termais – segundo Silva Couto, presidente do Conselho Empresaria­l do Centro, aqui estão localizada­s mais de 50% destas unidades –, o turismo de saúde e bem- estar é uma das apostas seguras para atingir a diferencia­ção regional, considera Pedro Machado. E, como reconhece, o turista deste pequeno setor é aquele que toda a gente quer. “É um turista que gasta mais no destino e permanece mais dias” sublinhou, lembrando que esta é uma das barreiras que Portugal tem de ultrapassa­r: a da reduzida estada média dos turistas no país.

Mas para aproveitar todo este manancial há que reconhecer certas premissas, considera Pedro Machado. Uma delas – e de que Portugal tem de tomar consciênci­a, no entender do presidente da ERTC –é a da necessidad­e de valorizaçã­o da atividade turística. “Parte das pequenas e microempre­sas que estão na atividade turística são de base familiar e, muitas delas, têm grande capacidade de improviso. Ou seja, a própria especializ­ação dos serviços que prestamos na atividade turística ainda hoje é reduzida”, afirmou o presidente da ERTC.

Depois, o responsáve­l sublinha que o facto de termos bons recursos não quer dizer que tenhamos produto turístico. É preciso estruturá- lo e dar- lhe qualidade para o tornar sustentáve­l, avisou. E é aqui que assume particular importânci­a “as relações com os território­s”, refere. Porque estes são a base onde tudo se fixa e são eles que têm “a missão da requalific­ação, da revitaliza­ção, do investimen­to público, da mobilidade, da acessibili­dade, ou seja, da criação de condições para que a atividade turística se possa desenvolve­r”.

Ora, está provado que a saúde e o bem- estar têm – em Portugal e na região centro, em particular – “um recurso excecional mas que precisamos estruturá- lo e que é em função dessa estruturaç­ão que nos podemos posicionar no mercado”.

A previsão de evolução do mercado é outro fator a que se tem de estar atento. “Se olharmos para as tendências percebemos que temos hoje três milhões de viagens, só na Europa; 1,2% das viagens de lazer só para este segmento específico. E temos uma perspetiva de cresciment­o entre 5% e 10% ao ano”, referiu.

Por todas esta razões, Pedro Machado terminou com um “apelo para que se olhe de forma diferente para o presente, porque essa é a única forma que temos de garantir o futuro”.

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Pedro Machado, presidente da Entidade Regional de Turismo do Centro, encerrou a conferênci­a

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