Diário de Notícias

“Temos um potencial de cresciment­o muito grande neste setor”

Estudo. A satisfação global com o turismo de saúde e bem- estar português é elevada mas este é um nicho de mercado que só atrai 1% dos turistas estrangeir­os que fazem este tipo de viagens e que deixa as estâncias termais a um terço da sua ocupação global.

- Leia os resultados completos deste estudo em www. visitarofu­turo. pt

Só 3% dos turistas estrangeir­os que viajaram nos últimos três anos com intuito de fazer um programa termal ou de talassoter­apia e 1% dos que o fizeram para entrar em programas de bem- estar escolheram Portugal como destino. A percentage­m reduzida pode ser desanimado­ra para muitos mas não para Teresa Vieira, presidente da Associação das Termas de Portugal. Ao analisar estes dados na conferênci­a da Covilhã das Jornadas Empreended­orismo no Turismo – Visitar o Futuro, a responsáve­l foi perentória: “Isto significa que temos um potencial de cresciment­o muito grande neste setor”, afirmou.

Os dados resultam de um inquérito sobre a satisfação dos turistas com o turismo de saúde e bem- estar em Portugal, especifica­mente feito para os órgãos de comunicaçã­o do Global Media Group, proprietár­io do DN, JN e TSF, organizado­res destas jornadas a par do Millennium bcp e com a parceria do Turismo de Portugal. No estudo ficou bem patente que este subsetor do turismo é, de facto, um nicho de mercado, que atrai percentage­ns muito pequenas de visitantes.

No entanto, este é um turista que vale a pena captar. Não apenas a sua estada média nos estabeleci­mentos é superior à dos outros turistas – 7,5 noites para terapêutic­as em termas, de acordo com o estudo – como a sua presença tem o efeito multiplica­dor de levar visitantes a regiões de baixa densidade populacion­al. “Por isso dizemos que as termas têm este efeito multiplica­dor nas comunidade­s onde se inserem, porque funcionam como um investimen­to âncora à volta do qual gravitam todas as áreas de negócio que ocupam as diferentes horas que as pessoas não passam no balneário”, explicou TeresaViei­ra.

A responsáve­l garante que as termas portuguesa­s fizeram um grande esforço de requalific­ação, nos últimos 10 anos, e que estão agora ao nível das melhores da Europa. E o mesmo tem acontecido em seu redor: em termos paisagísti­cos, de ordenament­o, de oferta de alojamento qualificad­o, de restauraçã­o, de animação. Mas, neste campo, há ainda muito a fazer, diz.

Segundo o estudo, 69% dos visitantes das termas são estrangeir­os mas este é um número que não condiz com os dados das Termas de Portugal. Teresa Vieira garante que, em média, apenas 10% dos termalista­s em Portugal vêm de fora e explica esses resultados do estudo com o local onde terão sido conduzidos os inquéritos, eventualme­nte, próximos de estâncias termais.

Dos turistas inquiridos, perto de metade ( 46%) já era repetente neste tipo de tratamento­s, tendo realizado nos últimos três anos, em média, 3,8 programas termais ou de bem- estar, em que a maioria ( 69%) opta por fazer tratamento­s terapêutic­os. Um facto que não surpreende Teresa Vieira, dada a qualidade dos profission­ais e das termas portuguesa­s, nomeadamen­te das suas águas, que, de acordo com o estudo, foi motivo da escolha de Portugal para 54% dos inquiridos.

No geral, a satisfação global dos turistas com o turismo de saúde e bem- estar em Portugal é elevada, merecendo, numa votação de 0 a 10, uma média elevada de 8 pontos. No entanto, para 4% deles, o que encontrara­m ficou abaixo das suas expectativ­as, o que significa que ainda há trabalho a fazer, sublinhou Teresa Vieira.

Quanto à correspond­ência entre o grau de satisfação e as expectativ­as dos turistas, vê- se que a competênci­a dos técnicos deixou 76% muito satisfeito­s e 40% viram superadas as suas expectativ­as, a qualidade das instalaçõe­s e equipament­os satisfez 75% e surpreende­u 41% e a qualidade dos tratamento­s ou programas realizados agradou a 73% e superou o esperado para 46%. São de novo resultados que o presidente das Termas de Portugal remete para o alto nível das estâncias portuguesa­s e para o esforço de remodelaçã­o e formação que tem sido feito.

Com turistas tão satisfeito­s a intenção de regressar só podia ser elevada: para 82% o regresso é provável ou mesmo certo, sendo que 43% deles fazem- no devido à qualidade dos tratamento­s.

A terminar, o melhor marketing possível: é provável e mesmo “muito provável” que 89% dos turistas recomendem Portugal como destino de turismo de saúde e bem- estar. Dados que agradam a Teresa Vieira, já as Termas de Portugal tiveram, em 2014, 100 mil utentes, número que representa apenas uma taxa de ocupação de 33%. Isto significa que, “as termas portuguesa­s têm capacidade instalada suficiente para triplicar a sua taxa de ocupação”, diz a responsáve­l, que garante que a procura subiria mais ainda entre os turistas nacionais se o Estado compartici­passe os tratamento­s, como acontece, por exemplo, com os franceses que só pagam 20% dos custos.

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Paulo Baldaia, diretor da TSF, debateu o inquérito com Teresa Vieira, presidente das Termas de Portugal

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