Diário de Notícias

Escolas obrigadas a ter vagas para todas as crianças de 4 anos

Pré- escolar. Alargament­o será a partir de 2016- 2017. Atualmente rede do Ministério da Educação abrange dois terços destes alunos

- ANA BELA FERREIRA

As escolas da rede pública vão ter de aceitar todas as crianças de 4 anos a partir de 2016- 2017. Atualmente, um terço dos alunos nesta idade tem de frequentar estabeleci­mentos privados ou das IPSS, fora da rede do Ministério da Educação. Alargament­o vai acontecer já no próximo ano letivo.

As escolas da rede pública vão ter de receber todas as crianças de quatro anos, já a partir do próximo ano. Atualmente um terço dos alunos nesta idade tem de frequentar estabeleci­mentos privados ou de solidaried­ade social, fora da rede do Ministério da Educação e Ciência ( MEC), muitos por falta de vaga na rede pública. Como acontece no agrupament­o Dr. Costa Matos, em Vila Nova de Gaia, onde neste ano já 20 crianças nesta faixa etária ficaram de fora por falta de lugar.

Acolher t odos os al unos de 4 anos representa um “esforço financeiro”, é certo, mas segundo o ministro da Educação, Nuno Crato, “perfeitame­nte ao nosso alcance”. “Nós sabemos que o pré- escolar nos 4 anos está praticamen­te estabeleci­do. Agora completá- lo vai ser um esforço financeiro – está quantifica­do [ mas o ministro não o soube indicar] – e um esforço de organizaçã­o de recursos, mas que está perfeitame­nte ao nosso alcance”, disse Nuno Crato, citado pela Lusa, à saída da comissão parlamenta­r de Educação.

Até aqui, a rede pública do pré- escolar apenas abrangia as crianças com 5 anos. Ontem, foi publicado em Diário da República o alargament­o da universali­dade do pré- escolar para os 4 anos. Uma medida que entra em vigor no ano letivo 2016- 2017, dando tempo às infraestru­turas para se adaptarem.

O alargament­o da oferta na rede pública foi proposto pelos dois partidos da maioria ( PSD e CDS- PP), no âmbito das medidas de apoio à natalidade. Antes disso, coube ao governo socialista de José Sócrates decretar a universali­dade da educação pré- escolar para os 5 anos, em 2009. A entrada aos 4 anos no sistema de ensino vai permitir a entrada das crianças na escolarida­de obrigatóri­a “de forma mais homogénea, e de forma que todos consigam entrar com uma preparação muito semelhante”, defendeu o ministro da Educação.

Esta alteração que vai permitir no próximo ano que 95 685 crianças tenham lugar na rede pública é vista com bons olhos por diretores de escolas e pais. “É boa resposta a uma necessidad­e que as famílias têm. Agora é preciso que seja implementa­da com qualidade e que sejam dados às escolas os meios adequados para promover o desenvolvi­mento adequado das crianças”, defende Jorge Ascenção, presidente da Confederaç­ão Nacional das Associaçõe­s de Pais ( Confap).

Do lado dos diretores o esforço de integração das crianças do pré- escolar também é elogiado: “É uma boa medida, disso não há dúvida”, aponta Adelino Calado, do agrupament­o de Carcavelos. Num dos jardins- de- infância do seu agrupament­o este objetivo já foi alcançado neste ano e até “já teve alunos de 3 anos”. Nos restantes “temos alunos de 5 e 4 anos e nem todos de 4 entram. Tem a ver com a natalidade”, justifica.

Isso explica também porque é que este é um desafio maior para as áreas urbanas. Filinto Lima não consegue no agrupament­o que dirige em Vila Nova de Gaia dar resposta a todos os pedidos. “Aqui só temos capacidade para dar resposta aos cinco anos que são obrigatóri­os. Ainda bem que há um ano para se fazerem adaptações, vão ser precisas mais salas e mais educadores.” Até agora ( as inscrições ainda estão a decorrer) já teve de deixar de fora 20 crianças com 4 anos, que terão de arranjar alternativ­a nas IPSS ou no privado.

Os dados do Ministério da Educação mostram que dois terços das crianças com 4 anos estavam integrados na sua rede de escolas, no ano letivo de 2013- 2014. Enquanto 27 103 estavam fora da rede do MEC, em sistemas privados ou de solida- riedade social. Ao todo, 93,7% das crianças com 4 e 5 anos estão integradas em escolas – quer sejam públicas e privadas –, muito perto da meta de 95% definida pela União Europeia no âmbito do Quadro Estratégic­o para a Cooperação Europeia no Domínio da Educação e Formação.

O governo tem agora até ao início de fevereiro de 2016 para regulament­ar por decreto- lei as normas da universali­dade da educação pré- escolar relativame­nte às crianças que atinjam os 4 anos de idade “de modo a assegurar a sua implementa­ção a partir do ano letivo 2016- 2017”, refere o diploma ontem publicado. O decreto- lei prevê “mecanismos de aferição da possibilid­ade de estender a universali­dade às crianças com 3 anos de idade”, o início da idade pré- escolar. Um desafio que vai ser maior, admitiu Nuno Crato, mas que t em quatro anos para ser cumprido.

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