Mãe entrega- se com bebé a precisar de ajuda urgente
A criança estava a precisar de cuidados urgentes por sofrer da síndrome de abstinência, devido a toxicodependência da mãe. Desde sábado que as autoridades os procuravam
“Preciso de ajuda urgente.” Cerca das 22.00 de ontem, Alexandra Patrício chegou ao Hospital de Faro e pediu que tratassem do seu filho. O bebé – que tinha sido levado há seis dias dos cuidados intensivos onde estava a ser tratado da síndrome de abstinência devido à toxicodependência da mãe – estava a ser observado à hora de fecho desta edição.
Quando ontem chegou ao hospital, a mulher justificou a decisão de se entregar com o facto de o bebé precisar de “ajuda”, apurou o o DN. Depois de terem internado o recém- nascido para lhe serem prestados os primeiros cuidados, os responsáveis do hospital avisaram a PSP e a Polícia Judiciária ( PJ), que de imediato tomaram conta da situação. De acordo com o que o DN apurou, Alexandra acompanhou o filho, uma vez que o hospital não terá recebido nenhuma indicação para os separar.
A criança foi levada pela mãe da incubadora do serviço de Medici- na Intensiva Neonatal e Pedopediátrica ( UCIN do Hospital de Faro) duas horas a seguir ao parto, no sábado passado.
Quando se aperceberam do que tinha acontecido, os responsáveis médicos alertaram imediatamente as autoridades policiais, porque o bebé corria risco de vida. Desde esse dia que Alexandra Patrício, de 28 anos, era procurada pela PJ, com o apoio da GNR e da PSP.
O recém- nascido sofre da síndrome de abstinência neonatal devido à toxicodependência da mãe, que terá consumido drogas duras durante a gravidez e, inclusivamente, no dia do parto. A criança estava internada para receber a medicação necessária, que deveria substituir a ausência das drogas. Sem estes cuidados, poderia sofrer de sintomas como dores fortes, tremores, irritabilidade, febre, desidratação e convulsões que, se não fossem assistidas, causariam danos neurológicos ou a morte.
O presidente do conselho de administração do centro hospitalar a que pertence a unidade de Faro, Pedro Nunes, afirmou que Alexan- dra “não fugiu” e que este não é um caso “de rapto nem de falta de segurança”. “Neste caso foi a mãe que levou o filho. O hospital não é uma prisão e não pode impedir a saída, a não ser que um juiz tivesse retirado o poder paternal. O alerta à polícia foi dado porque se considera que há risco de saúde para o bebé”, disse ao DN.
O recém- nascido não tinha pulseira eletrónica, contrariando um despacho de 2008 assinado pela ministra da Saúde Ana Jorge, na se- quência do rapto de um bebé no Hospital de Penafiel. Esse documento obrigava os hospitais a pôr em prática medidas de segurança como videovigilância, portas com código, verificação das visitas e o uso de pulseiras eletrónicas.
O administrador reconheceu ao DN que o bebé não tinha essa pulseira, mas afirmava que a segurança dos recém- nascidos está garantida e que este é um caso especial, já que o bebé foi levado pela mãe. Em Faro não há pulseiras por decisão da administração anterior.
A motivação da fuga de Alexandra Patrício, residente em Albufeira, poderá estar relacionada com o medo de perder a guarda do recém- nascido, tal como aconteceu no início deste mês com o filho de 6 anos, internado no Refúgio Aboim Ascensão, por suspeitas de maus- tratos e negligência.
O vídeo que regista a saída de Alexandra do hospital mostra- a a esconder o bebé numa mala a tiracolo e com uma toalha a cobrir as marcas do cateter no antebraço esquerdo. Caminhava com passo tranquilo e sem levantar suspeitas.