Diário de Notícias

PHarol recusa dar informaçõe­s aos acionistas

Acionistas decidem hoje se processam ou não Bava e Granadeiro, entre outros ex- administra­dores, por causa de aplicações no GES

- ANA MARCELA

Um grupo de acionistas da PHarol, entre os quais antigos administra­dores da PT SGPS, solicitara­m a divulgação da informação que levou a empresa a chamar hoje os acionistas a decidir se querem ou não processar ex- administra­dores com responsabi­lidades nas aplicações financeira­s feitas no Grupo Espírito Santo ( GES). A PHarol negou essa informação, mesmo depois de a CMVM ter intercedid­o junto da sociedade para que a mesma fosse disponibil­izada antes da reunião magna, apurou o DN/ Dinheiro Vivo. Só hoje é que os acionistas vão poder ter acesso a essa do - cumentação. Até ao fecho desta edição, não foi possível obter um comentário da PHarol. Contactada, a CMVM não quis comentar.

Hoje, a partir das 15.00, os acionistas da PHarol, antiga PT SGPS, vão decidir se querem processar ex- administra­dores pelas aplicações feitas no GES, entre as quais os 897 milhões de euros na Rioforte, cujo default, há um ano, teve um profundo impacto no processo de fusão em curso com a brasileira Oi e levou a uma brutal desvaloriz­ação da empresa em Bolsa.

Mas para um grupo de acionistas há informação relevante da qual foram privados e que deveria ter sido atempadame­nte divulgada ao mercado. De outro modo, argumentam, o que hoje está a ser pedido é que “seja passado um cheque em branco ao conselho de administra­ção da sociedade para que possa intentar judicialme­nte ações com fundamento­s que apenas serão do conhecimen­to do conselho de administra­ção da sociedade”, pode- se ler na carta enviada a 23 de julho à PHarol e à CMVM e à qual o DN/ Dinheiro Vivo teve acesso.

O conselho, dizem ainda, vai processar “somente determinad­as pessoas que compunham o conselho de administra­ção no triénio 2012- 2014, o que manifestam­ente poderá ter consequênc­ias a nível persecutór­io”. Os antigos CEO Zeinal Bava e Henrique Granadeiro, o CFO Luís Pacheco Melo, Joaquim Goes e Amílcar Morais Pires, estes dois últimos antigos quadros do BES, estão entre os possíveis alvos de processo. Nomes nunca confirmado­s pela PHarol.

A divulgação “integral” da auditoria da PwC às aplicações financeira­s feitas pela companhia no GES, a informação disponibil­izada pelo Banco de Portugal à empresa, “que confirmam a violação por administra­dores da sociedade dos deveres a que os mesmos se encontrava­m obrigados”, são alguns dos documentos que o grupo de acionistas solicitou ao presidente da mesa da assembleia, João Vieira de Almeida. Pediam ainda que fossem dados a conhecer os “demais elementos”, aludidos na convocatór­ia, a que a PHarol teve acesso e que fundamenta­ram a decisão do conselho de administra­ção de pedir o OK dos acionistas para avançar para a justiça.

Ao presidente da mesa da assembleia foram ainda pedidas “informaçõe­s exatas quanto aos normativos legais e estatutári­os que terão sido incumprido­s” pelos ex- gestores de topo quando decidiram investir cerca de 900 milhões em papel comercial da Rioforte. A resposta chegou esta semana: “Não merece provimento.” João Vieira de Almeida considerou que compete ao presidente da mesa “somente o dever de assegurar que são disponibil­izados aos senhores acionistas, os documentos e informação preparatór­ia da assembleia geral previstos na lei”, pode ler- se no despacho a que o DN/ Dinheiro Vivo teve acesso. “Outros elementos podem ser obtidos na própria reunião”, decidiu, invocando o artigo 290. º do Código das Sociedades Comerciais. O mesmo determina que o acionista pode exigir durante a reunião magna que lhe seja prestada informação e que a sua “recusa injustific­ada” é causa da “anulabilid­ade da deliberaçã­o”.

A reunião foi convocada a 1 de julho, depois de o atual conselho, liderado por Luís Palha da Silva, ter seguido a recomendaç­ão do anterior, presidido por João Mello Franco. Em maio, a ainda PT SGPS decidiu avançar com um processo contra a Deloitte – que auditava as contas da empresa no tempo em que foram feitas as aplicações –, tendo sido abandonado um eventual processo ao BES por se considerar que não tinha viabilidad­e de sucesso na Justiça.

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