“Banca está melhor mas não normalizou”
Os bancos portugueses regressaram aos lucros na primeira metade deste ano. Este indicador já é um sinal de normalização do sistema financeiro português? É uma tendência positiva mas não acho que estejamos numa situação normalizada. Isso nem seria possível, dado que a própria situação de normalização económica não está finalizada. Está hoje melhor do que estava há um ano, na maioria das situações. O processo de decréscimo de malparado em Portugal está a acontecer mas está a demorar mais do que esperaríamos no início do ano. A banca reforçou muito o capital nos últimos anos. Os bancos já estão bem capitalizados? De uma maneira geral, sim. Há, no entanto, alguns temas ainda em aberto, nomeadamente: Novo Banco, porque não sabemos em que medida poderá afetar rácios de capital, porque não sabemos a dimensão de uma eventual perda; e os impostos diferidos ativos ( DTA, sigla inglesa). Não acredito que haja uma reversão da lei publicada, mas pode haver orisco de se pedir mais capital a bancos que contaram com os DTA. A atividade internacional tem sido o suporte de resultados de muitos bancos portugueses. Quando poderemos ver um crescimento no mercado doméstico? Fundamentalmente, quando acontecerem duas coisas: as imparidades para crédito normalizarem e a margem financeira dos bancos aumentar. Esta é particularmente relevante porque são resultados recorrentes, estruturais e cerca de 60% do total de receitas. A margem financeira será impulsionada quando a carteira de crédito começar a crescer e quando houver um aumento das taxas de juro. Porque com taxas de quase 0%, por muito que o custo dos depósitos e dos spreads baixe, a capacidade de fazer margem entre taxas ativas e passivas é praticamente zero.