Akhtar Mohamed Mansur, n. º 2 do mullah Omar, é o novo líder dos talibãs
2. ª ronda de negociações entre responsáveis talibãs e o governo de Cabul estava prevista para hoje mas foi adiada
AFEGANISTÃO Os talibãs já têm um novo líder: Akhtar Mohamed Mansur, que era o número dois do mullah Omar, anunciaram comandantes afegãos um dia depois de ter sido anunciada por Cabul a morte do emir. Esta aconteceu há dois anos. “A Shura reunida nos arredores de Quetta elegeu o mullah Mansur por unanimidade como o novo emir dos talibãs”, anunciou um dos comandantes citados por agências como a Reuters e a Efe.
Este anúncio coincidiu com o adiamento da segunda ronda de negociações entre os talibãs e o governo do Afeganistão, que estava prevista para acontecer hoje. “Tendo em conta as informações sobre a morte do mullah Omar e a incerteza que daí resulta, a pedido dos dirigentes dos talibãs, a segunda ronda de conversações de paz que estava prevista para dia 31 de julho foi adiada”, disse, em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Paquistão, país que acolhe essas reuniões.
O governo e representantes dos talibãs tiveram um primeiro encontro no passado dia 7, após reuniões no Qatar e na Noruega, sublinharam as mesmas agências. “O Paquistão e outros países amigos do Afeganistão esperam que os talibãs permaneçam comprometi- dos com o processo para promover uma paz duradoura no Afeganistão”, refere, em comunicado, o governo paquistanês.
O presidente do Afeganistão anunciou na quarta- feira a morte do mullah Omar, em abril de 2013, em território paquistanês. Segundo a secreta afegã a morte ocorreu num hospital de Carachi. Alegadamente por causas naturais – fala- se de tuberculose. Terá sido sepultado no Afeganistão. Após o anúncio feito por Ashraf Gani, os talibãs tinham- se remetido ao silêncio sem confirmar ou desmentir a morte do mullah Omar. Ontem o governo afegão afirmou que “o terreno para conversações de paz está mais livre do que nunca” e pediu “a todos os grupos armados que aproveitem esta oportunidade para entrar no processo de paz”.
Os EUA consideraram credíveis as informações sobre a morte do líder dos talibãs. “Acreditamos que as informações sobre a sua morte são credíveis”, comentou em conferência de imprensa o porta- voz adjunto da presidência norte- americana, Eric Schultz, acrescentando que os serviços de informações estão a rever as informações e as “circunstâncias” em que morreu o líder talibã. Segundo Schultz o governo dos Estados Unidos ainda não está em condições de poder confirmar a data do óbito.
O mullah Omar, que nasceu em 1960 e fundou em 1994 os talibãs ( que significa “estudantes”), não era visto em público desde a invasão norte- americana do Afeganistão após os atentados terroristas do 11 de Setembro nos EUA. O regime talibã, no poder desde 1996, contava com o apoio de Osama bin Laden e acabou por cair. O mullah teve então de fugir.
Segundo os media paquistaneses, o filho mais velho de Omar, o mullah Mohammad Yaqub, estaria a questionar a liderança do número dois do movimento, mullah Akhtar Mansur. Este último tem apoiado as negociações de paz com o governo de Cabul e, ainda antes das notícias da morte do mullah Omar, havia alegações de que teria sido ele o autor da carta que foi publicada em nome do líder dos talibãs no início do mês.
Mansur escreveu no mês passado ao líder do Estado Islâmico ( EI), Abu Bakr al Baghdadi, a exigir o fim das divisões entre os islamitas e a lembrar que a jihad no Afeganistão e Paquistão é da responsabilidade dos talibãs – deixando ainda uma nota de louvor à Al- Qaeda, que não apoia o EI. Vários comandantes talibãs terão, entretanto, passado para o lado de Al Baghdadi.