Icon: Cindy Crawford revive guerra das top models
Ex- modelo de 49 anos é produtora de formato de ficção sobre a rivalidade entre a Elite e a Ford, as principais agências dos anos 80
Na década de 1980, uma top model que fosse digna desse título, só podia pertencer a uma destas agências: a francesa Elite ou a norte- americana Ford. A rivalidade entre as duas empresas era imensa e qualquer transferência era vista como uma traição. É esta realidade, o lado menos glamoroso do mundo da moda, que Cindy Craw ford quer retratar em Icon.
A ex- modelo de 49 anos está a produzir uma série de ficção para o canal norte- americano NBC a retratar esta guerra, avançou o site da revista Variety. Crawford viveu por dentro a rivalidade entre as duas agências – tendo sido ela própria agenciada pela Elite – mas não participará como atriz na série. Embora Icon retrate uma época em que nomes como Naomi Campbell, Linda Evangelista, Christie Brinkley, Brooke Shields, Elle Macpherson e Christy Turlington dominavam a publicidade, os editoriais de moda e as passerelles, todas as personagens serão ficcionais e... como se costuma dizer... não terão qualquer semelhança com a realidade.
Para se compreender a verdadeira dimensão do conflito entre a Ford Modeling Agency e a Elite Model Management é preciso referir um nome: Esmée Marshall. A norte- americana era, no início dos anos 80, uma das manequins mais bem- sucedidas dos Estados Unidos, uma verdadeira mina de ouro para John Casablancas, o playboy milionário fundador da Elite Model Management. Em 1980, Esmée troca a Elite pela Ford ( empresa fundada por Eileen e Gerard W. Ford) e gera uma controvérsia pública sem precedentes, que ditará o tom de guerra entre as duas empresas nas décadas seguintes.
No entanto, o conflito havia começado anos antes, em Paris, quando John Casablancas, associado do casal Ford, resolveu abandonar a empresa e fundar a sua própria agência, levando consigo alguns dos maiores talentos da Ford Modeling Agency. Os Ford processaram Casablancas, exigindo uma indemnização de 29 milhões de euros ( valores de finais da década de 70). “O jogo de Eileen Ford é claro como a água. Ela quer a minha pele. Mas eu sou um guerreiro. Vou lutar e não dormir com os dois olhos fechados enquanto essa mulher andar por aí”, disse, à época, Casablancas. Quis a ironia do destino que Casablancas morresse em 2013, um ano antes de Eileen Ford.
“Costumávamos boicotar- nos umas às outras para conseguirmos os trabalhos mas, agora, as modelos são todas amigas. As agências é que estão em guerra”, dizia Beverly Johnson à revista People, em 1980. Johnson, que se tornou a primeira manequim afro- americana a fazer capa da revista Vogue, protagonizou uma das transferências mais extraordinárias desta era: mudou- se da Elite para a Ford e regressou à casa de partida no espaço de uma semana. Esta mudança valeu a Beverly uma inflação no seu salário, tendo- se tornado a manequim mais bem paga do início da década de 1980. Carreira de atriz Icon, que ainda não tem data de arranque nem elenco, marca a estreia de Crawford na produção, depois de uma singela carreira na área da representação. Participou em várias séries de televisão, na maioria interpretando- se a si mesma ( Os Marretas, Rua Sésamo, e Cougar Town são alguns exemplos). No grande ecrã, foi protagonista uma única vez, no filme de 1995 Atração Explosiva, em que interpretava uma advogada que se vê envolvida numa perigosa rede de tráfico. Recentemente, fez uma pequena aparição no teledisco Bad Blood, de Taylor Swift... algo que já tinha feito no início dos anos 90, em Freedom, de George Michael.
Depois da carreira de atriz, Crawford vai estrear- se como produtora