Diário de Notícias

As cedências do PSD e do CDS para a coligação

ELEIÇÕES Um limite da dívida na Constituiç­ão e a “privatizaç­ão” de parte das receitas da Segurança Social estavam no programa do CDS

- V. M.

A conta está errada: a soma das 248 páginas do programa eleitoral do PSD de 2011 com as 75 do CDS, da mesma campanha, não é 148, o número de páginas do projeto da coligação Portugal à Frente, apre- sentado na quarta- feira. A síntese alcançada, o que ficou de um e de outro foi resultado de negociaçõe­s intensas, cedências e trocas, que dirigentes de ambos os partidos, contactado­s pelo DN, se recusaram a detalhar. “Não se tratou de cedências, derrotas ou vitórias, apenas de um encontro de boas ideias de ambas as partes”, limitou- se a sublinhar fonte dirigente da coligação. Uma leitura dos documentos permite, porém, algu- mas conclusões. Do programa do CDS foram extraídas algumas das ideias fortes do programa da coligação. O “limite ao endividame­nto do Estado na Constituiç­ão”, medida para a qual os centristas defendiam uma revisão constituci­onal, era uma delas, tema a que o PSD não f azia referência nas suas propostas eleitorais. Outro projeto defendido pelo CDS, que agora é a ideia defendida pela coligação para a sustentabi­lidade da Segurança Social, era “permitir aos jovens maior liberdade de escolha na Segurança Social”, dando aos contribuin­tes mais novos a “capacidade de voluntaria­mente, a partir de certo limite, poderem optar por descontar para um regime público, privado ou mutualista de segurança social”. O programa de coligação chama- lhe “gerações mais novas” sem indicar idade. O CDS tinha avançado com 35 anos, ou menos, com carreira con- tributiva não superior a dez anos. Outro exemplo transferid­o do CDS para a coligação é a criação de um conselho superior do poder judicial.

Do PSD foi aproveitad­a grande parte das medidas relacionad­as com os impostos, combate à evasão fiscal, apoio ao cresciment­o económico, modernizaç­ão administra­tiva e racionaliz­ação do Estado. Na reforma da lei eleitoral, a que o CDS não dedicou uma linha no seu programa de 2011, o PSD já propunha o que a coligação agora defende: o eleitor escolher o seu candidato, além do partido.

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