Só seis dos 15 ministros ficam fora das listas de candidatos
Apesar de Passos Coelho ter dito que não queria governamentalizar as listas, mais de metade dos ministros entram na corrida ao Parlamento. Os três independentes ficam fora
As listas do PSD e do CDS- PP incluem o primeiro- ministro, oito ministros e pelo menos nove secretários de Estado. Passos defendeu, no Conselho Nacional do PSD de 10 de julho, que não queria candidaturas demasiado governamentalizadas.
Pedro Passos Coelho transmitiu no penúltimo Conselho Nacional do PSD, a 10 de julho, que não queria governamentalizar demasiado as listas da coligação com o CDS- PP para as próximas legislativas mas, feitas e refeitas as contas, as escolhas dos dois partidos não refletiram a recomendação. Olhando apenas para a primeira linha do executivo, isto é, para os ministros, só seis não avançam na corrida ao Parlamento.
Passos e Paulo Portas, já se sabia, seguem nos dois primeiros lugares de Lisboa, Maria Luís Albuquerque ( ministra das Finanças) é cabeça de lista em Setúbal, tal como Aguiar- Branco ( ministro da Defesa) no Porto e Jorge Moreira da Silva ( que tutela a pasta do Ambiente) em Braga.
Assunção Cristas ( ministra da Agricultura) e Pedro Mota Soares ( Segurança Social) são os primeiros nomes do CDS ( quartos no geral), respetivamente, em Leiria e no Porto, e na sexta- feira, quando foram aprovadas pelos conselheiros dos dois partidos as listas para as legislativas de 4 de outubro, ficou a saber- se que Paula Teixeira da Cruz ( ministra da Justiça) é a número três em Lisboa, ficando um lugar acima de Luís Marques Guedes ( ministro da Presidência e dos Assuntos Parlamentares).
Dito de outra forma, nove dos 15 principais rostos do governo entram na equação das próximas eleições. E o número até poderia ter outra expressão, caso Miguel Poiares Maduro e António Pires de Lima não tivessem, por vontade própria, excluído a hipótese. Além do ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional e do ministro da Economia, só Rui Machete ( Negócios Estrangeiros), Anabela Rodrigues ( Administração Interna), Paulo Macedo ( Saúde) e Nuno Crato ( Educação e Ciência) não vão a jogo. Os três últimos, assinale- se, constituem a quota de independentes do atual elenco governamental.
Na “mercearia” das legislativas, há ainda um conjunto de nomes que poderá mover- se do governo para o hemiciclo. António Leitão Amaro, secretário de Estado da Administração Local, é cabeça de lista da coligação Portugal à Frente ( PaF) em Viseu, a secretária de Estado da Defesa, Berta Cabral, lidera o conjunto de candidatos do PSD nos Açores ( onde não há coligação com o CDS), o secretário de Estado das Finanças, Manuel Rodrigues, é o número dois em Coimbra e Teresa Morais, que tem a seu cargo os Assuntos Parlamentares e a Igualdade, repete o primeiro posto em Leiria.
Em Faro, uma estreia: Pedro Lomba, secretário de Estado Adjunto do ministro Poiares Maduro, ocupa o quarto lugar da PaF. Emídio Guerreiro, que tem a pasta do Desporto e Juventude, desce para o sétimo lugar em Braga, ao passo que José Cesário volta a ser a figura de proa da maioria no círculo Fora da Europa.
Aos sete nomes indicados pelos sociais- democratas acrescem ainda dois aprovados pelos centristas. João Almeida, secretário de Estado da Administração Inter na, sucede a Paulo Portas como primeiro nome do partido em Aveiro – embora seja quarto na lista da coligação –, enquanto Vânia Dias da Silva, subsecretária de Estado Adjunta do vice- primeiro- ministro, é a segunda escolha do CDS no distrito de Braga. Pelo meio, quatro recusas: Paulo Núncio, secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Adolfo Mesquita Nunes, que tem a pasta do Turismo, Miguel Morais Leitão, secretário de Estado Adjunto de Portas, e João Casanova de Almeida, que tutela o Ensino e a Administração Escolar, optaram por ficar de fora.
A matemática é, assim, simples: nove dos 38 secretários de Estado estão na calha para ocupar um lugar no hemiciclo na próxima legislatura, elevando para 18 os membros do governo que vão a votos em outubro.
Do gabinete de Passos Coelho para as listas para deputados segue também Miguel Morgado. O professor universitário, assessor político do primeiro- ministro, estreia- se nestas andanças no 13. º lugar no círculo do Porto.
Ora, a governamentalização das listas que Passos não queria que se verificasse causou algum desconforto tanto no PSD como no CDS, sobretudo porque contribuiu para o afastamento de alguns dos atuais deputados.
Muito crítico das escolhas da PaF foi José Eduardo Martins – que já admitiu ao DN que após as eleições não se demitirá de intervir na vida do partido . “As listas são o espelho da direção do partido”, disse o membro da Comissão Política Nacional do PSD, durante a liderança de Manuela Ferreira Leite, sugerindo que todos os desalinhados foram ostracizados pela direção “laranja”.